Professor Francisco José
Cachoeirinha/PE - Twitter: @chicohistoriado
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
domingo, 19 de novembro de 2017
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
Ética e moral
Ética e moral são os valores mais
desejados para a consolidação de uma vida plena, harmoniosa e feliz. Em outras
palavras, a convivência humana para ser prazerosa e pacífica as pessoas
necessitam guiar-se – desejavelmente e impreterivelmente – por esses valores
nobres. Mas afinal, o que são valores? O que é ética e moral? Ética e moral são
a mesma coisa? Por que as pessoas – em nosso país – desprezam tanto os valores
éticos e morais? Essas e outras questões serão analisadas neste texto do ponto
de vista histórico e filosófico. Vale salientar que essa temática não é simples
e de fácil compreensão devido as mudanças que os valores éticos e morais
assumem no decorrer do tempo histórico.
O
que são valores? Segundo as filósofas Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria
Helena Pires Martins é “O que deve ser objeto de referência ou de escolha”
[...] “é o que vale” [...] “Ser desejável ou desejado”. Conforme exposto, os
valores devem ser motivo de referência para as nossas vidas, pois os valores
são transmitidos pela família, sociedade, comunidade, etnia, país e cultura na
qual estamos inseridos. Os valores são legados pelas gerações pretéritas e
servem de modelos para nos comportamos – principalmente – da melhor maneira
possível em nossa sociedade. Os valores variam de cultura para cultura e também
no tempo e espaço geográfico. Isso significa que não existem valores
inamovíveis, invariáveis, cristalizados, em geral, são transformados pelo tempo
histórico. Em resumo, podemos arriscar em dizer que os valores são aquilo que
conferimos enorme importância. Alguns exemplos de valores: justiça,
honestidade, respeito, caráter, alteridade, empatia e etc. Ética e moral são
valores e como muitos filósofos destacam: são
valores nobres.
O
nosso país é categorizado como de terceiro
mundo e em desenvolvimento,
apesar de estarmos entre as dez maiores economias do mundo, temos inúmeros
problemas de ordem social e econômica. Uma das maiores fragilidades da
população brasileira – sem sombra de dúvida – é o desrespeito, desprezo e
desdém pelos valores éticos e morais. Sociedades mais avançadas como os países
de primeiro mundo e desenvolvidos como Japão, Coréia do Sul,
França, Inglaterra, Alemanha e EUA não possuem índices elevados de desigualdade
social e econômica como os nossos. O reflexo desse crescimento econômico produz
efeitos e alcança a sociedade sob a forma de educação de qualidade, IDH
desejável, infraestrutura satisfatória e ausência ou índices baixíssimos de
desigualdade social. A soma desses e outros fatores culmina na construção de
uma sociedade mais ética. Estudos demonstram que os valores éticos e morais são
mais elevados em sociedades com boas estruturas sociais e econômicas. Além da
predominância da ética como parâmetro para a convivência humana, as pessoas
desses países respeitam mais as legislações e normas estabelecidas pelos
governos, famílias, comunidades e qualquer outra organização social. Mas, o que
é a moral?
A
moral consiste nos costumes de um determinado grupo humano. Quando nascemos
vamos aos poucos nos familiarizando e adequando-se com a moral de nossa
comunidade. A moral é também definida como as regras de conduta, legislações,
princípios norteadores e parâmetros estabelecidos pelo grupo. Vale destacar que
a moral é externa ao indivíduo, em geral, não cabe ao indivíduo definir o que
pode e não pode, mas a coletividade é quem determina as exigências a serem
seguidas pelo ser. Podemos inferir que os reais objetivos da moral consistem em
ordenar e organizar a vida em sociedade. Façamos agora as seguintes reflexões: imaginem se as pessoas quisessem fazer o que
bem entendessem em suas vidas? Como seria a vida em uma sociedade sem a
manutenção de regras? A resposta seria: um
caos, uma desordem. Podemos
traduzir a moral como um princípio para reger de forma harmoniosa a sociedade
ou controlar a vida social como os regimes totalitários e despóticos revelados
pela História. Alguns exemplos de moral: horários, semáforos, fardamentos,
legislações, sistema penitenciário, preços, filas, placas indicativas, lixeiros,
enfim, a moral está instituída em vários segmentos da sociedade. A moral está
presente na família, em escolas, no trabalho, nas religiões, no trânsito, nos
esportes, no campo, na zona urbana e em qualquer forma de organização social.
Segundo o filósofo Clóvis de Barros Filho “As nossas sociedades são cada vez
mais carentes de moral e necessitadas de repressão”. Isso ocorre em grande
medida, pela omissão das pessoas em respeitar suas legislações. Como exemplo
contundente, recentemente em nosso país algumas multas de trânsito foram elevadas
monetariamente em razão dos altos índices de pessoas alcoolizadas conduzindo
veículos e motocicletas de forma indevida. Essas e outras medidas, muitas
vezes, são necessárias como tentativa de coibir os abusos de algumas pessoas. Mas,
o que é ética?
A
palavra ética deriva do grego Ethos e
significa morada, residência. Consiste também em costumes
e, sobretudo, condução da vida. A ética se resume em tornar a convivência
humana ainda melhor. Conforme exposto acima, sociedades com altos índices de
desenvolvimento econômico, em geral, as atitudes éticas são mais presentes,
perceptíveis e sentidas no cotidiano. A qualidade de vida – nestes lugares – é
superior em razão de comportamentos mais éticos por parte de sua população. A
ética, em alguns centros universitários, já é ensinada como ciência ou
componente curricular de grande peso, isso só reforça e corrobora sua
relevância social. A ética, podemos arriscar em dizer, é maior que a moral,
pois a mesma faz críticas aos princípios morais estabelecendo uma análise sobre
os parâmetros normativos de algumas sociedades. A atitude ética
transubstancia-se de fato no agir eticamente, comportar-se apoiado (a) nas
decisões mais justas e sábias possíveis, sem causar danos ou prejuízos as
pessoas e a sociedade. Ser ético significa, antes de tudo, pensar no coletivo,
no social, na manutenção plena de uma sociedade cada vez mais justa e reta.
Três palavras são indissociáveis da ética: caráter, idoneidade e índole. Essas
palavras significam agir com justiça, com prudência, com temperança e, na menor
das hipóteses, pensar não apenas em si, mas na humanidade como um conjunto.
Nossos pais, quando ainda somos jovens, com frequência nos repetem alguns
discursos e um deles se resume em valores éticos: tenha vergonha na cara! Vergonha na cara significa, ter ética,
fazer uma reflexão com muita profundidade sobre algumas de nossas faltas, erros
e atitudes reprováveis e, quando passamos por essa ilação, estamos de fato,
usando a ética como referência. Portanto, a ética é uma atitude, ação ou
comportamento que deve partir de nosso interior, de dentro de nós, a partir de
nossa consciência para agir com decência, aliás, decência significa também,
agir eticamente. Ser ético (a), significa, antes de tudo, respeitar as outras
pessoas – independentemente das suas diferenças –, ter empatia pelo próximo,
ser altruísta em suas ações e comportar-se permeado pela alteridade. Portanto,
ética se resume num modelo de conduta aceitável e desejado por todos.
Vimos ainda
pouco que a moral consiste no cumprimento das exigências estabelecidas pelas
sociedades. Por exemplo, jogar lixo na lixeira, a lixeira é a moral, nossa
atitude consciente de jogar o lixo apenas na lixeira – independentemente de
existir uma por perto – é uma manifestação da ética. Para guiar automóvel e
motocicleta é necessário possuir habilitação (moral), ter consciência e
refletir sobre não conduzir veículos automotores é uma atitude ética. Não fumar
é uma instrução normativa, decidir se fumo ou não diante de pessoas não
fumantes é um julgamento ético. A moral se reflete nas regras e, sobretudo, no
cumprimento destas exigências, a ética se manifesta sob a forma de
conscientização do agir. A moral é exterior, por ser definida pela sociedade; a
ética é interior, deve partir de nossa consciência de justo e injusto, certo e
errado, devo ou não devo, posso ou não posso, enfim, consiste na pura ação
norteada pela prudência e pelas boas maneiras que aprendemos com as pessoas
cautas.
Os termos
ética e moral podem ser semelhantes, mas assumem posturas diferentes nas
sociedades. Cada um age conforme suas peculiaridades, seus atributos e
inerências. Em resumo, ética e moral são formas distintas de comportar-se
socialmente e não resta a menor dúvida que são de extrema importância para a
construção de sociedades mais fortes, pacíficas e com índices elevados de
qualidade de vida. Para a existência de sociedades mais éticas é necessário o
respeito a moral e ao comportamento – de fato – ético. Apenas assim podemos nos
aproximar da definição de humanidade. Humanidade significa agir humanamente e, ser humano, consiste em agir racionalmente e
prudentemente diante do coletivo, só assim atingiremos o ápice de uma
convivência profícua e digna de seres humanos, seres que pensam.
REFERÊNCIAS:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda;
MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de
filosofia. 3ª edição – São Paulo: Editora Moderna, 2005.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia. 2ª edição – São Paulo:
Editora Moderna, 2013.
FILHO, Clóvis de Barros. Educação, moral e ética. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=U2sdHjPKcKQ
Acesso em 06/11/2017.
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
terça-feira, 23 de agosto de 2016
Aprender a filosofar
Que é filosofia? Para que serve a
filosofia? Qual a importância da filosofia para minha vida? O que ganho
estudando filosofia? Todos estes questionamentos brotam das pessoas que tem o
primeiro contato com a “matéria”, “disciplina”, “ciência” ou qualquer outra
definição do componente curricular filosofia oferecido no ensino médio. O
ensino de filosofia é ofertado na Educação Básica apenas no ensino médio – na
maioria das escolas – na etapa final de uma longa jornada educativa de nossa
juventude. O ensino fundamental, como é notório, é a maior etapa educacional de
nossas vidas, mas o componente curricular filosofia é inexistente ou foi
removido do currículo escolar pelo Ministério da Educação ou Secretarias
estaduais de Educação. Na Rede Pública Estadual de Pernambuco, a título de
exemplo, o componente curricular filosofia inexiste no Ensino Fundamental e se
resume a apenas uma aula semanal nas três séries do Ensino Médio. Em resumo,
isso significa que o componente curricular é “irrelevante”, sem peso educativo
ou oferece um “risco” ou “perigo” as (aos) estudantes deste país como pensam
muitos (as) filósofos (as). Decerto o risco filosofia não é para a juventude,
mas a soma deste ensino pode resultar na promoção, formação e emancipação de
mentalidades das pessoas mais jovens em possibilitar formar seres, pessoas e
indivíduos com olhares, pensamento e ações de cunho crítico é de fato um
perigo, uma ameaça, mas não aos (as) jovens e sim, aos nossos representantes. Tornar
os seres pensantes neste país parece que é um imenso risco bem comum, basta
olhar o nível de prioridades nas políticas públicas deste país quando o assunto
é educação.
Quando leciono filosofia nas séries
iniciais do ensino médio repito com frequência a frase kantiana: “Ninguém
aprende filosofia, o que se aprende é a filosofar”! Os (as) estudantes ficam
atônitos (as) diante desta assertiva, como assim não aprenderemos filosofia? Na
medida que as aulas prosseguem a maioria percebe que a filosofia não é um saber
pronto, acabado, com definições estáveis, cristalizadas e indiscutíveis. Além
disso, filosofia não é algo que se refere unicamente a vida estudantil, a
carreira escolar. Qualquer ser pode filosofar, independentemente do nível
educacional, da questão socioeconômica, da formação cultural, da localização
geográfica, enfim, isso significa que o ato de filosofar é acessível a qualquer
ser, desde que este ser deseje se imiscuir com as benesses que a filosofia
promove.
Etimologicamente, a palavra
filosofia significa amor a sabedoria.
Amar a sabedoria, o conhecimento, a busca por respostas racionais, a
curiosidade por saberes e o rompimento com a obviedade aparente das respostas
imediatas e instantâneas. Neste caso, a filosofia não é uma ciência, pois as
ciências têm objetos específicos de investigação, por exemplo, o oftalmologista
estuda a visão, o veterinário cuida da “saúde” dos animais. A filosofia não tem
objeto específico, ela investiga as produções humanas, as concepções de mundo,
o que os humanos fazem, constroem, pensam e imaginam. Sócrates, filósofo
ateniense foi considerado o precursor dessa “nova” maneira de enxergar e perceber
as coisas que envolviam os seres humanos, a ele foi atribuída a seguinte frase:
“sábio é aquele que conhece os limites da sua própria ignorância”. Sabedoria
para Sócrates é ser humilde, simples e reconhecer que todo o conhecimento
acumulado em nossas vidas será insignificante, insatisfatório, limitado. A
filosofia está em todos os lugares, não há tempo específico para sua existência
– excetuando-se o seu aparecimento na Grécia antiga no século VI a. C. – ela
permanece viva, atuante e “incomodando” muitas pessoas até hoje. A filosofia
não possui vida própria, ela toma forma e se materializa a partir da
observância e discussão de assuntos cotidianos, banais e do dia a dia que
envolve as pessoas. Desde assuntos banais até complexos. Começa no plano
discursivo e dialético e consuma-se nas ações e atitudes comportamentais. Como
já foi exposto, a área de atuação da filosofia se resume as realizações
humanas, mas essas realizações são àquelas da banalidade. O propósito do
conhecimento filosófico – se é que existe – concentra-se em promover a
autonomia intelectual das pessoas, o desenvolvimento crítico nos seres, o
aprimoramento da capacidade de percepção da realidade. Em outras palavras, o
papel do conhecimento filosófico é induzir
as pessoas a separarem o real do ilusório, romper as correntes da ignorância
que muitos seres carregam sem perceber, indo mais distante, quebrando a
alienação que muitos humanos vivem imersos. Nestes termos, filosofar é dar
sentido à vida e existências, é dar prioridade a razão, a racionalidade, a
inteligibilidade e acima de tudo, ampliar as consciências e reflexões humanas.
Aprender a filosofar não é uma
tarefa fácil e que se alcança de forma rápida, espontânea e célere. O ato de
filosofar é fruto de uma prática exaustiva, rigorosa, laboriosa e que exige do
ser um processo de maturação lento e de longo prazo. Para filosofar exige-se
uma leitura de mundo mais eficiente, mas para lermos o mundo de modo mais
objetivo é vital tornar a leitura da palavra um hábito constante e recorrente,
assim como defendia Paulo Freire. Ler livros ou textos de autores clássicos e
de filósofos (as) aguça o saber, desperta a curiosidade, aumenta o senso
crítico, estimula e instiga a autonomia intelectual e racional do ser. Quando
um humano se imiscui com o conhecimento filosófico – em geral – sua postura
diante do mundo melhora, se torna um ser mais participativo, exigente e sai dos
modelos e padrões instituídos pela nossa sociedade. É uma prática comum nas
sociedades capitalistas tornar os seres humanos iguais, com hábitos em comum e,
dessa forma, facilitar o processo de alienação e de consumo dos produtos
capitalistas. Como seria menos danoso se o projeto capitalista se resumisse a
apenas isso, mas vai além, tentam até mesmo controlar suas mentes, seus
pensamentos e seus gostos através de vários aparatos, sobretudo, pela mídia,
meios de comunicação e redes sociais. Aprender a filosofar insta os seres a se
tornarem diferentes da massa padronizada, autênticos, genuínos e com vida
própria. Libertando das amarras dos vícios, dos prazeres, das ilusões, das
aparências e das ideologias dominantes que pairam sobre nós.
Aprender a filosofar é um estímulo
ao pensamento ordenado, organizado e sistemático, desenvolvendo a elucubração
de problemas cotidianos e complexos, induzindo e priorizando a emancipação
intelectual contra o comodismo, quietude e adormecimento das ideias. Quem não
filosofa neste mundo vive com a mente anestesiada, estagnada, inerte e sem “vida”
ou como em outros casos, a mente é um mero aparelho reprodutor de ideologias e
modismos empregados por interesses particulares. O ato de filosofar, como foi
exposto acima, é acessível a qualquer ser, mas para isso ocorrer o ser deve
desenvolver uma atitude de estranhamento com o banal e cotidiano, deixando de
enxergar a realidade como algo comum e imutável. Filosofar é, antes de tudo,
uma maximização do uso da consciência, é o agigantamento e melhorias da
capacidade intelectiva humana.
Para finalizar, aprender a filosofar é uma necessidade diante do mundo
que vivemos, cada vez mais hostil e difícil de se viver em razão dos seres
perderem as “rédeas” de suas próprias consciências e reflexões caindo nas
armadilhas “sedutoras” da ignorância, do orgulho, da intolerância e atos
indesejáveis em nossa sociedade. A capacidade humana de pensar e agir de modo
coerente e eficiente está perdendo espaço para a “soberania” do mundo virtual,
do domínio e necessidades cada vez maiores das tecnologias, dos dispositivos
eletrônicos assumindo tarefas que deviam ser nossas. A soma destes fatores gera
uma sociedade dependente, alienada e com poucos estímulos ao pensamento
racional. Resta-nos a alternativa de valorizar o ato de filosofar e tornar
hábito procurar respostas e não se contentar somente nas primeiras explicações
e elucidações que nos aparecem como salvadoras e redentoras. É preferível viver
inquieto (a) do que viver imerso num mundo de certezas! Encerro este fragmento
de consciência com a frase de Montesquieu: É
necessário estudar muito para saber um pouco.
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
terça-feira, 16 de junho de 2015
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