quinta-feira, 30 de junho de 2011

Churrasco pré-histórico tinha medula óssea e costela no cardápio

Família Flinstones prepara um belo churrasco - Foto: Getty Images.

Amostras de restos de comida de mais de 7.700 anos (período Mesolítico), encontradas no rio Tjonger, na Holanda, sugerem que os churrascos da idade da pedra tinham no menu medula óssea e costelas de auroque (Bos primigenius), um bovino extinto no século 17, um pouco maior que as vacas de hoje.

Os estudos da Universidade de Groningen, na Holanda, foram publicados na edição de julho do Journal of Archeological Science. De acordo com os pesquisadores, os homens utilizavam pedras afiadas para cortar os ossos das pernas dos animais e retirar a medula óssea e, em seguida, cozinhavam em fogueiras as costelas, cortadas em pedaços, e outras pequenas partes para comer no próprio local.

Para conseguir o animal era necessário caçar e, para isso, os homens tinham duas estratégias, segundo os arqueólogos: faziam armadilhas e depois batiam com algum tipo de taco na cabaça dos auroques ou utilizavam arco e flechas para abatê-los. Os primeiros fazendeiros que criavam gado só chegaram à região cerca de mil anos depois.

Após a matarem os animais, os caçadores utilizavam uma pedra afiada para separar a carne dos ossos e transportavam tudo de volta para seu abrigo.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O fóssil mais antigo da América

Osso com um desenho de um mamute encontrado na Flórida tem pelo menos 13 mil anos
 
Fóssil, que mostra a gravura de um animal de trombas, pode ser a prova de que a América foi habitada por seres humanos na idade do gelo.
Cientistas dataram um fóssil encontrado na cidade de Vero Beach, na Flórida, e descobriram que ele tem 13 mil anos. O fóssil é um osso de 38 centímetros, pertencente a um mamífero. No centro da peça, pode-se ver uma gravura de um animal com trombas caminhando – possivelmente um mamute ou mastodonte. Segundo os cientistas, a gravura foi produzida em plena era glacial, o que faz da peça o fóssil mais antigo já encontrado da presença de humanos na América.

A descoberta foi publicada no "Journal of Archaeological Science". Segundo os pesquisadores da Universidade da Flórida (UFA) e do Museu de História Natural do Museu Smithsonian, que dataram o fóssil, a descoberta prova que a América foi habitada por seres humanos na idade do gelo, e que estes conviveram com grandes mamíferos como os mamutes.

A peça foi descoberta em 2006 por James Kennedy, de 39 anos, um colecionador de fósseis amador que encontrou esse fragmento em um terreno próximo à jazida arqueológica de Old Vero, onde foram encontrados ossos humanos em escavações realizadas entre 1913 e 1916. Inicialmente, a comunidade científica encarou a descoberta com ceticismo, mas segundo a pesquisadora Barbara Purdy, "nenhum dos testes foi capaz de demonstrar que o fóssil e a talha são falsos".

Dennis Stanford, antropólogo do Museu de História Natural do Smithsonian e um dos autores do estudo, acredita que esse é um dos mais importantes achados de arqueologia na região. "Há centenas de gravuras de proboscídeos, isto é, animais com trombas, em paredes de cavernas ou em ossos na Europa, mas nenhum na América até agora", disse.

Por causa dos descobrimentos, a cidade de Vero Beach e o condado de Indian River aprovaram uma série de resoluções para proteger a jazida arqueológica. 

Fonte: Revista Época
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI243678-15224,00-O+FOSSIL+MAIS+ANTIGO+DA+AMERICA.html

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Stonehenge Brasileiro

Um círculo de pedras no norte do Amapá guarda uma história intrigante sobre povos antigos da Amazônia.

Os raios de sol atravessam a pedra do Furo e inundam de luz o círculo cerimonial. Para os arqueólogos, o lugar era usado em datas astronômicas especiais - assim como o famoso sítio britânico de Stonehenge.
A madrugada é uma bênção. Essa é uma das poucas horas nessa região do Amapá, logo acima da linha do equador, em que o forte calor não impera. Nas redes espalhadas pela casa da fazenda que serve de abrigo aos pesquisadores, reina um conforto preguiçoso. A noite chuvosa, contudo, deixa a equipe apreensiva. Afinal, a viagem até o sítio arqueológico Rego Grande só tem um objetivo: observar os caminhos do Sol no céu durante o solstício de dezembro no lugar que, não à toa, ficou conhecido como o "Stonehenge brasileiro". A chuva, portanto, não era bem-vinda.

O sítio Rego Grande, que recebeu o nome do igarapé que o margeia, é formado por mais de uma centena de blocos de granito. Assim como o Stonehenge britânico, um dos mais intrigantes sítios neolíticos do mundo, ele também deve ter sido especial em seu tempo, quando foi palco de cerimônias repletas de oferendas, algumas de caráter astronômico. Lá e cá, ambos os lugares foram usados em festas e cultos, e são obra da vontade de seus construtores em marcar a paisagem de maneira concreta. O Rego Grande, contudo, data de mil anos, enquanto o Stonehenge remonta a cerca de 4,5 mil anos.

A presença de megálitos em várias regiões do planeta, e ao longo de muitos períodos da história, reforça a curiosidade sobre a semelhança entre os dois sítios. "O megalitismo dispersou-se em épocas diferentes. Foi um fenômeno global", diz o português Manuel Calado, da Universidade de Lisboa, especialista nessa área da arqueologia que estuda os monumentos de pedra.

Com mais de 30 metros de diâmetro, a estrutura quase circular do Rego Grande foi idealizada no topo de uma colina, em um trecho que fica no limite entre os campos alagados do litoral e áreas de savana. "Assim como a paraense ilha de Marajó, o Amapá era um dos maiores centros de inovação cultural da Amazônia", diz Stéphen Rostain, arqueólogo francês que estuda sítios na Guiana Francesa há quase 20 anos. De fato, nos dois lados da foz do maior rio do mundo, a exuberância e a diversidade dos estilos cerâmicos demonstram que, no passado, múltiplas culturas interagiram na região, deixando ali um imenso patrimônio arqueológico. A proximidade entre a costa amapaense e o arquipélago de Marajó, usufruída pela população atual, também serviu de elo entre os povos indígenas pré-coloniais. A margem esquerda da foz do Amazonas e o sistema insular do Marajó, com sua grande diversidade de ambientes e enorme rede fluvial, talvez tenham incentivado amplas redes de troca, criando contextos de desenvolvimento cultural que ainda hoje desafiam nossa compreensão.

Na varanda da casa de madeira, onde passamos apreensivos aquela noite chuvosa, o clima agora é de euforia. O céu claro promete sol, mas a data marca a chegada da estação das chuvas - que ali se inicia em dezembro e se estende até julho. O solstício era também uma ocasião má-gica escolhida para diversas celebrações por índios que viviam no âmbito da foz do Amazonas entre os séculos 1 e 18, muitos dos quais habitantes da costa norte do Amapá e parte do litoral do território da atual Guiana Francesa. Nessa região, o Projeto de Investigação Arqueológica na Bacia do Rio Calçoene, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa), estuda o que sobrou da vida desse povo. E o sítio Rego Grande é parte importante da história.

Os monumentos de pedra dispersos ao longo do litoral amapaense, entre os rios Araguari e Oiapoque, foram observados pela primeira vez no fim do século 19. Depois, Curt Nimuendajú, etnólogo alemão que percorreu o Amapá na década de 1920, também registrou mais de uma dezena deles. Na década de 50, Betty Meggers e Clifford Evans, americanos que marcaram a arqueologia amazônica ao propor um quadro histórico da ocupação indígena na foz do rio Amazonas, sugeriram que esses locais deviam ser centros cerimoniais, construídos por índios originários da região circuncaribenha.

Ao longo de todo esse litoral, até Caiena, capital da Guiana Francesa, se espalham sítios arqueológicos com um elemento comum: uma cerâmica elaborada, ora pintada com delicados desenhos vermelhos sobre um fundo branco, ora gravada com incisões feitas na argila ainda úmida. Betty Meggers e Clifford Evans chamaram esse estilo cerâmico de aristé. Em escavação recente em uma antiga aldeia indígena 50 quilômetros ao sul do Rego Grande, no Retiro do Padre, alguns fragmentos dessa cerâmica foram recolhidos. Nenhum deles tinha o vigor da decoração das peças clássicas aristés, mas as técnicas de manufatura, a seleção da argila e as formas dos vasos eram do mesmo tipo.

O Retiro do Padre era uma aldeia pequena, com duas ou três casas identificadas pela observação de manchas no solo que marcam os lugares em que os esteios das moradias estavam fincados. Nas lixeiras, além dos fragmentos miúdos de panelas quebradas, restam caroços queimados de palmeiras frutíferas, como o açaí e o tucumã, abundantes por toda a região - um lixo recolhido ao redor de fogueiras e descartado na periferia da aldeia. No entorno do sítio, sobre outras colinas, há mais vestígios de povoações. "Tem muita coisa perdida nesses morros", conta Alzira Souza, esposa do capataz da fazenda, quando lhe mostramos uma lâmina de machado de pedra encontrada na escavação.

Ao mesmo tempo que exploravam seu território, os índios constituíam mitos para explicá-lo. Figuras de animais representados nas cerâmicas apontam cosmologias cheias de relações entre seres humanos e animais, em uma interação que ainda hoje caracteriza o ideário indígena amazônico. Diferente do pensamento moderno ocidental, que separa homens e animais, o chamado "perspectivismo ameríndio" aponta para uma fluidez das formas humanas e não humanas que não se encaixa na distinção entre cultura e natureza. A mistura dos motivos animais e humanos sugere, em vários potes, personagens híbridos.

Cobras, sapos e lagartos, aves e macacos, além de corpos e rostos humanos, são figuras recorrentes nos potes cerâmicos, funerários ou não. No Rego Grande, os vasos com desenhos de répteis foram colocados em meio a blocos de granito, enquanto aqueles com aves estavam no interior do monumento, afastados das pedras. Mais que uma mimese do hábitat animal, essas práticas organizam e manipulam um jeito próprio de dar sentido ao mundo, construindo lugares em que a memória do grupo fica inscrita.

A construção dos megálitos é também parte dessa apropriação da paisagem, ou seja, da transformação de conhecimentos abstratos, de histórias orais, em estruturas concretas. Mil anos depois, nós caminhamos de novo sobre o chão que os índios pisaram, à espera do alvorecer do dia do solstício. Na noite escura, percorremos os 300 metros que separam a casa de madeira do sítio Rego Grande, sentindo a umidade do capim molhado da chuva entrando nos sapatos. A colina onde está o sítio se destaca no relevo. É uma caminhada tranquila até o alto e, ao longo dos quase quatro anos de pesquisa no local, são incontáveis as vezes em que subimos para alcançar o topo onde as pedras foram colocadas. Mesmo assim, a cada vez a sensação se repete: a expectativa dos blocos ganhando dimensão, e o círculo aparecendo, impõe reverência. Sempre uma emoção nova toma conta de nós.

O trabalho na construção dos monumentos de pedra exigiu não apenas força bruta mas também organização e controle político. Foi necessária a coesão de muitas pessoas, além de liderança forte para reuni-las e convencê-las de que o esforço valia a pena. Encontrar os blocos não devia ser tarefa fácil. Muitos certamente já estavam soltos sobre os afloramentos, mas as cicatrizes encontradas em alguns lajedos mostram que vários blocos tiveram de ser extraídos. As ferramentas e as técnicas empregadas são desconhecidas, mas detalhes nos megálitos sugerem que os índios aproveitaram falhas na base das pedras para retirá-las. Uma vez soltos, os blocos eram carregados até o topo das colinas - alguns podem pesar mais de 4 toneladas -, onde um esforço de engenharia acontecia. A presença de jazidas de pedra com cicatrizes, além de outras dispostas na beira de rios, indica que parte do transporte dos blocos era feita em embarcações. As pedras não eram apenas fincadas no chão. O cuidado na fixação delas, com uso de outras menores para calçar os megálitos em posições definidas, exigiu planejamento e sabedoria.

Os megálitos foram idealizados por volta do ano 1000, quando alguma coisa aconteceu na vida daquele povo. Em algum momento houve o ímpeto de construir essas estruturas que transformariam para sempre a composição das paisagens. Diferentemente das aldeias, os monumentos de pedra não perecem - e seus arquitetos bem sabiam disso. Uma vez concebidos, eles passam a ser alvo do interesse de muitas gerações posteriores, que talvez os ampliem e modifiquem, repetindo práticas que, como em todas as culturas, reforçam e constroem identidades.

As escavações no Rego Grande, iniciadas em 2006, mostram isso: um local muito visitado e alterado. Centenas de potes cerâmicos foram levados até lá. Alguns eram de fato urnas funerárias, onde os ossos, em certos casos cremados, eram guardados. Mas a maior parte é de bacias, vasos, pratos e tigelas que serviram como oferendas, talvez aos mortos. Alguns potes eram deixados sobre os blocos, onde acabaram partidos ao rigor do clima. Outros foram quebrados de propósito mesmo - jogados dentro dos poços funerários. Mas há também potes inteiros, enterrados em pequenas valas ou arranjados em volta de urnas funerárias, dentro dos poços. A maior parte das vasilhas não tem sequer marcas de uso, como se tivessem sido produzidas com um único fim: servirem de oferta ao monumento.

Havia com certeza um controle do uso daquele espaço, regras a serem seguidas e datas para celebrações. As urnas funerárias encontradas mostram que nem todas as pessoas recebiam o mesmo tratamento após a morte. "O número limitado de urnas pode indicar que esses funerais eram reservados a pessoas de alto status, como chefes tribais ou de clãs", sustenta o arqueólogo francês Rostain, que pesquisou intensamente a margem esquerda do rio Oiapoque. Para ele, esses grupos estavam organizados em "uma confederação com um chefe soberano", indicando núcleos sociais hierarquizados que diferem das sociedades indígenas atuais na região.

É possível que as hierarquias desses grupos não fossem permanentes, ficando fortalecidas em tempos de guerra ou em datas importantes, como antropólogos já sugeriram ao explicar a história de grupos indígenas atuais, entre eles os palikurs, que vivem hoje na região do Baixo Oiapoque. De acordo com essa teoria, pequenas aldeias independentes acabariam reunidas, em momentos específicos, sob a liderança de figuras eminentes no cenário regional, juntando esforços para construir, por exemplo, monumentos como o Rego Grande. O mesmo lugar em que nós estávamos, naquela manhã após a chuva.

O Sol desponta no horizonte, exatamente no ponto mais austral de sua rota cíclica anual entre os dois hemisférios. O solstício se anuncia. Então, uma viagem no tempo, uma volta ao mundo dos povos que sedimentaram o sítio se materializa sobre os blocos de rocha inclinados a nosso redor. De novo, surgem as questões que tanto nos motivam: quem foram eles? Como viviam? Como experienciavam o solstício?

Os antigos nos legaram os megálitos. E, naquele instante, a presença das rochas causa em nós uma estranha sensação de companhia.


Fonte: National Geografic Brasil
http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-116/stonehenge-brasileiro-rego-grande-507581.shtml?page=1

terça-feira, 7 de junho de 2011

Descoberta altera padrões de migração de ancestral do homem

Ferramentas achadas em escavações lançam possibilidade que Homo erectus tenha surgido na Eurásia e ido para a África

Escavações na Georgia sugerem que antigos humanos tenham vivido na Eurásia antes do que se acreditava.

A dispersão pelo mundo dos hominídeos pelo mundo foi sempre descrita como ocorrida a partir da África, porém novas provas sugerem que as migrações dos ancestrais dos homem podem ter ocorrido como vias de mão dupla.

Foi o que demonstrou um longo estudo realizado em um sítio arqueológico nas montanhas entre a Europa e a Ásia, que foi ocupado pelos primeiros humanos há 1,85 milhões de anos – muito antes dos 1,7 milhões de anos que havia sido estipulado anteriormente. O Homo erectus era descrito como tendo habitado o sítio arqueológico de Dmanisi, na república da Geórgia, em um período posterior ao relatado no estudo publicado hoje no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences.

A descoberta de ferramentas de pedra e materiais de períodos mais antigos lançou a possibilidade de que Homo erectus ter se desenvolvido na Eurásia e voltado posteriormente para a África. Os pesquisadores afirmam, no entanto que mais estudos precisam ser feitos.

“As provas encontradas na Eurásia demonstraram ser mais antigas e de populações mais primitivas”, disse Reid Ferring da Universidade do Norte do Texas.

“A recente descoberta mostra que Dmanisi foi ocupada ao mesmo tempo, senão antes, da primeira aparição do Homo erectus no leste da África”, afirmou o estudo dirigido por Ferring e David Lordkipanidze do Museu Nacional da Geórgia. Nas escavações, eles encontraram mais de 100 artefatos de pedras em camadas mais profundas do sítio arqueológico. Previamente, ossos fossilizados de um período posterior foram encontrados no mesmo sítio arqueológico.

A descoberta mostrou que a região do Cáucaso foi habitada continuamente, e não apenas por colônias transitórias. “Nós não sabemos ainda como era a aparência dos primeiros ocupantes, mas a conclusão é que eles deveriam ser similares, ou possivelmente mais primitivos que estes representados por fósseis encontrados em Dmanisi”, disse Ferring.

Os ocupantes de Dmanisi “são os primeiros representantes do gênero Homo fora da África e fazem parte da população mais primitiva da espécie Homo erectus conhecida até agora”, afirmou Lordkipanidze.

Os antigos humanos de Dmanisi “devem ser os ancestrais de todas as outras populações de Homo erectus que vieram depois, o que sugere que a Eurásia é a origem do Homo erectus”, disse Lordkipanidze.

Segunda teoria

No entanto, há também outra teoria: o Homo erectus é originário da África e o grupo de Dmanisi devem representar a primeira migração para fora da África. Wil Roebroeks, professor de arqueologia da Universidade de Leiden, na Holanda, afirmou que a descoberta sugere uma população mantida na região e que com sucesso se adaptou a temperatura e ao ambiente do sul do Cáucaso há cerca de 1,8 milhões de anos.

Ele chama isto de “uma observação importante para o cenário que temos sobre as primeiras colonizações da Eurásia”. Roebroeks sugeriu em um artigo de 2005 que a Ásia deve ser o núcleo de onde o Homo erectus surgiu, evoluindo de uma espécie pré-humana ainda desconhecida.

No entanto, ele enfatizou que é uma hipótese que será testada em estudo futuros. “Possível não é a mesma coisa que observado, mas o novo estudo de Dmanisi nos forçaram a dar uma olhada em algumas das nossas suposições mais básicas”, disse Roebroeks. 

O Homo erectus era mais pesado e mais robusto que os humanos modernos. Ele viveu há cerca de 1,8 milhões e 0,3 milhão de anos, sendo a primeira espécie a se dispersar da África. Sua existência na Terra tem sobreposição com o Homo habilis .

O diretor do programa de origens humanas do Museu de História Natural Smithsonian, Richard Potts, não concorda com a teoria de Ferring e Lordkipanidze. “A nova evidencia de Dmanisi consite em ferramentas de pedra, não há ossos fossilizados. Então não sabemos realmente como eles eram há 1,85 milhões e 1,77 milhões de anos” disse. “Não podemos saber isto com certeza até que fósseis apareçam das escavações desta camada mais antiga”.
Michael D. Petraglia, co-diretor do Centro Asiático de Arqueologia, Arte e Cultura da Universidade de Oxford, Na Inglaterra, disse que as descobertas mostram que antigos humanos estavam presentes na Eurásia entre 1,85 milhões e 1,78 milhões de anos atrás.

“A ferramenta de pedra representa o caso mais antigo e melhor documentado da presença de humanos antigos na Ásia. Isto quer dizer que formas antigas de humanos provavelmente partiram da África há 1,85 milhões de anos, ou antes mesmo, colonizando novas regiões do mundo pela primeira vez”, disse. Porém Petraglia disse não levar tanta fé na teoria dos autores de uma migração Eurásia-África.

Fonte: IG 
http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/descoberta+altera+padroes+de+migracao+de+ancestral+do+homem/n1597009135667.html 

 

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Desabafo do Senador Cristovam Buarque

Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos,o ex-governador do DF, ex-ministro da educação e atual senador CRISTÓVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.

O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um brasileiro.

Esta foi a resposta do Sr.Cristóvam Buarque:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.

"Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.

"Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro.O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço."

"Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país.
Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

"Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França.
Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês,decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

"Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

"Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

"Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.

"Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!

Fonte: Recebido por e-mail.