quinta-feira, 31 de março de 2011

Anunciada descoberta de predador mais antigo que dinossauros

Pesquisadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB/RS) anunciaram hoje, em Porto Alegre, a descoberta de um Decuriasuchus quartacolonia, nova espécie de predador com hábito social mais antigo que os dinossauros. A nova espécie, segundo os pesquisadores, representa a mais antiga evidência de comportamento gregário em arcossauros, grupo que congrega crocodilos e aves.

O pesquisador Marco Aurélio Gallo de França, orientado pelo professor Max Langer, do Laboratório de Paleontologia da FFCLRP, foi um dos responsáveis pela preparação e descrição do Decuriasuchus quartacolonia. “Apesar de serem muito parecidos com alguns dinossauros carnívoros, os membros deste grupo são, na verdade, parentes distantes dos crocodilos atuais”, conta. ”Além de representar uma espécie nunca antes descoberta pela ciência, a importância deste novo achado está na maneira como os fósseis se preservaram.”

Foram encontrados dez esqueletos da mesma espécie, sendo nove deles posicionados uns sobre os outros. Outro fato que surpreendeu os pesquisadores é que até esta descoberta pensava-se que tais predadores de topo de cadeia alimentar viviam de forma isolada nos ecossistemas triássicos. “Esta aglomeração indica que, quando vivos, estes possuíam um hábito social mais complexo, possivelmente envolvendo atividades em grupo, como a caça”, explica França.

Desde a descoberta dos fósseis até as conclusões que foram publicadas, também na semana passada na versão online da revista alemã Naturwissenschaften, foram cerca de dez anos. No início de 2001, os paleontólogos Jorge Ferigolo, Ana Maria Ribeiro e Ricardo Negri, do Museu de Ciências Naturais (MCN) da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB-RS) encontraram os dez esqueletos dessa nova espécie, numa superfície rochosa exposta, no município de Dona Francisca, região da Quarta Colônia, no interior do Rio Grande do Sul.

Espécie
Na descoberta, diz França, os fósseis já indicavam ser crânios de predadores do período Triássico (cerca de 240 milhões de anos atrás). Os três pesquisadores retiraram do local um bloco de quase meia tonelada e levaram para o Museu. Mas a preparação e os estudos desse material só tiveram início em 2007, pelo próprio professor Jorge Ferigolo, do Museu de Ciências Naturais da FZB/RS, em parceria com França e Langer, da FFCLRP. Após quatro anos de estudos, os pesquisadores concluíram que os fósseis encontrados em 2001 representam uma nova espécie de predador do triássico, medindo cerca de 2,5 metros de comprimento, pertencente ao grupo denominado de Rauisuchia.

Por terem sido encontrados em forma de aglomeração, dez esqueletos juntos, e por serem do grupo dos arcossauros, na qual pertencem também os crocodilos e as aves, os pesquisadores batizaram a nova espécie de Decuriasuchus quartacolonia.  França explica que “Decuria” é referência à unidade do exército romano constituída por 10 soldados, como no caso dos 10 esqueletos achados na superfície rochosa exposta; “suchus” é um termo grego que se refere ao deus egípcio com cabeça de crocodilo, fazendo referência ao posicionamento da espécie na linhagem pró-crocodiliana; e, finalmente, “quartacolonia” refere-se à região no interior do estado do Rio Grande do Sul onde foram encontrados os fósseis, denominada de Quarta Colônia por ser a quarta região a abrigar os imigrantes italianos no século passado.

“Os indícios mais antigos de comportamento social entre espécies da linhagem pró-crocodiliana e dos dinossauros são cerca de 10 milhões de anos mais recentes que as rochas nas quais foram encontradas o Decuriasuchus quartacolonia. Assim, com seus 240 milhões de anos, esta se trata da espécie mais antiga possuindo hábitos sociais complexos entre os parentes distantes dos crocodilomorfos e dos dinossauros”, conclui França.


Fonte: USP
http://www4.usp.br/index.php/ciencias/21052-anunciada-descoberta-de-predador-mais-antigo-que-dinossauros

domingo, 27 de março de 2011

SBT Repórter destaca Patrimônio Cultural do sertão

Visitantes, autoridades e cientistas do mundo inteiro já percorreram suas trilhas, grutas e sítios arqueológicos para conhecer o berço do primeiro homem americano no Parque Nacional Serra da Capivara (525 km de Teresina), considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Agora, é a vez do Brasil inteiro, através da televisão, descobrir um pouquinho dos segredos que fazem dessa região do Piauí um dos destinos turísticos mais desejados do planeta. É que nessa segunda-feira, às 23h15 o SBT vai apresentar, em seu campeão de audiência, o SBT Repórter, um programa totalmente dedicado ao potencial arqueológico da Serra da Capivara e da Serra das Confusões.


Você vai conhecer esta região que esconde tesouros arqueológicos e paisagens inesquecíveis. Além da temida onça-pintada da caatinga, esse patrimônio pré-histórico guarda uma fauna repleta de animais ameaçados em outras áreas do sertão e uma flora que tem como destaque os cactos e as plantas espinhentas que caracterizam a caatinga, ambiente exclusivo do Brasil e do qual o Piauí é seu maior guardião.
Niéde Guidon concedendo entrevista a repórter do SBT.

Durante quase 30 anos a famosa Pedra Furada, um grande monumento geológico, levou a imagem do Piauí para os quatro cantos do mundo como uma atração imperdível do Parque Nacional Serra da Capivara. O que ninguém esperava, nem mesmo os pesquisadores que trabalham na região, é que a equipe do SBT Repórter fosse protagonizar a descoberta de uma outra Pedra Furada, tão imponente e bonita que pode levar o Instituto Chico Mendes, responsável pela administração da reserva, a pensar em abri uma trilha para o novo monumento geológico.

O programa SBT Repórter é o campeão de audiência da emissora paulista, no entanto, para produzir a reportagem que vai ao ar hoje para todo o Brasil, a direção da emissora deixou tudo a cargo dos profissionais que trabalham no Piauí sob a coordenação da diretora de jornalismo da TV Cidade Verde, Nadja Rodrigues. Além da jornalista piauiense, a equipe foi formada por Liana Paiva, jornalista reponsável pela produção, com imagens do cinegrafista Gustavo Cavalcante e apoio técnico do auxiliar Pablo Silva. Condutores de visitantes da Serra da Capivara, entre eles o historiador Mário Filho e o guarda-parque Júlio filho, completaram a equipe de campo.
Equipe do SBT repórter que visitou o Parque Nacional Serra da Capivara.

Além das belezas e de todo o patrimônio natural e cultura - o programa que é apresentado por César Filho, terá uma hora de duração e vai ao ar depois da novela Ana Raio e Zé Trovão - também vai mostrar aspectos econômicos, culturais e a influência da reserva ambiental nas cidades da região, gerando empregos e renda de uma forma sustentável. Um dos destaque é para a gastronomia local que vai do bode na brasa a galinha servida ao molho pardo, passando por receitas mais elaboradas que somente quem assistir ao programa terá o prazer de conhecer.
Nova pedra furada, recentemente descoberta.

Fonte: FUMDHAM
http://fumdham.org.br/fumdham_2011/news_fumdham_007.html

terça-feira, 22 de março de 2011

Estudo genético indica que ser humano moderno surgiu no sul da África

Um novo estudo genético entrou na discussão sobre as raízes da humanidade, fortalecendo a versão de que o ser humano moderno surgiu no sul da África e não no leste do continente, como indicam pesquisas e descobertas anteriores.
Grupos africanos ainda mantém a maior diversidade genética.

Em um artigo divulgado na publicação científica Proceedings of the National Academy of Sciences, os pesquisadores americanos sustentam que o sul africano provavelmente ofereceu melhores condições para o surgimento do ser humano moderno.

"A África é apontada como o continente de origem de todas as populações humanas modernas. Mas os detalhes da pré-história e da evolução humana na África permanecem obscuros devido às trajetórias complexas de centenas de populações distintas", afirma o estudo.

A coautora do estudo Brenna Henn, da Universidade de Stanford, na Califórnia, disse à BBC que a equipe encontrou uma "diversidade (genética) enorme" entre as populações caçadoras e coletoras da África – mais que entre as sedentárias, baseadas na agricultura.

Tais populações eram altamente estruturadas e relativamente isoladas umas das outras, provavelmente retendo grandes variações genéticas entre si, afirmou.

"Analisamos os padrões de diversidade genética entre 27 populações africanas atuais, e percebemos um declínio de diversidade que começa de fato no sul da África e progride à medida que a análise caminha em direção ao norte do continente", contou Henn.

Marco

Os modelos usados pela equipe são consistentes com a perda de variedade genética que ocorre quando um número muito pequeno de indivíduos estabelece uma nova população a partir de uma população original mais numerosa.

"As populações no sul da África têm a maior diversidade genética de qualquer população de que temos notícia", afirmou a pesquisadora. "Isso sugere que esta pode ter sido a melhor região para dar origem aos humanos modernos."

O paleontólogo Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, que não faz parte da equipe que elaborou o estudo, disse que a pesquisa é um "marco" no seu campo de pesquisa.

"É um marco, que conta com muito mais dados sobre os grupos de caçadores e coletores que qualquer outro, mas eu continuo cauteloso em apontar um local de origem (para os primeiros humanos)", afirmou.

‘Jardim do Éden’

O professor discorda da visão de que tenha havido uma espécie de "Jardim do Éden" a partir do qual a humanidade evoluiu.

"Diferentes populações da África antiga provavelmente contribuíram com os genes e o comportamento que formam o ser humano moderno."

Stringer explicou que, embora a ocorrência de grupos caçadores e coletores seja bastante restrita atualmente, pinturas rupestres atribuídas a esses grupos sugerem que no passado eles se espalhavam por uma área muito maior.

"O novo estudo sugere que os genes dos Khomani (grupo étnico do sul da África), dos Biaka (da África Central) e dos Sandawe (do leste) parecem ser os mais diversos, e por conseqüência estas são as mais antigas populações de Homo sapiens", argumenta. 

"É mais provável que os grupos sobreviventes de caçadores e coletores sejam hoje restos localizados de populações que em outras épocas se distribuíam por toda a África subsaariana há 60 mil anos", afirmou o paleontólogo.

Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/2011/03/110308_africa_humanidade_pu.shtml

Fóssil de dentes em Israel pode mudar teoria da evolução humana

Fósseis de dentes de 400 mil anos pode mudar a teoria da evolução humana, segundo arqueólogos israelenses que o encontraram.

Os pesquisadores da Universidade de Tel Aviv acreditam que os dentes seriam de seres humanos modernos, tornando o fóssil a mais antiga evidência da existência de um Homo sapiens.
Fósseis foram encontrados durante escavações de caverna.

A teoria aceita atualmente é a de que os Homo sapiens se originaram na África há cerca de 200 mil anos antes de se espalhar pelo mundo.

Os fósseis de dentes foram encontrados durante as escavações da caverna de Qesem, um sítio pré-histórico encontrado em 2000 a 12 quilômetros ao leste de Tel Aviv, em Israel.

A descoberta foi relatada em um artigo publicado na revista especializada American Journal of Physical Anthropology

Paradigmas

O coordenador do estudo, Avi Gopher, diz que mais pesquisas são necessárias para comprovar a teoria de seus pesquisadores, mas afirma que a descoberta tem o potencial de mudar o conceito da evolução humana.

“A datação da caverna mostra que a presença do Homo sapiens nesta parte do mundo é mais antiga do que as outras evidências que tínhamos até então”, afirma Gopher.
“Esta conclusão pode ser de grande importância, porque pode ser a primeira evidência para mudar alguns dos paradigmas que usamos em termos da evolução humana”, diz o pesquisador.
Pesquisadores dizem que mais estudos são necessários.

A equipe da Universidade de Tel Aviv analisou os fósseis com raios-X e tomografias computadorizadas.
A datação foi feita com base na análise da camada de terra na qual eles foram encontrados.

Segundo a teoria aceita atualmente, os humanos modernos e os neandertais se originaram de um ancestral comum que vivia na África há cerca de 700 mil anos.

Um grupo que migrou para a Europa se desenvolveu nos neandertais antes de serem extintos. Outro grupo, que permaneceu na África, teria gerado os seres humanos modernos, ou Homo sapiens.

Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/12/101228_fossil_dente_israel_homo_rw.shtml

segunda-feira, 21 de março de 2011

Professor "novato" desiste de aulas na rede estadual de SP

Professores recém-concursados desistem de ensinar na rede estadual de São Paulo. Entre as principais reclamações estão falta de condições de trabalho (salas lotadas, por exemplo), desinteresse de alunos e baixos salários, informa a reportagem de Fábio Takahashi publicada na edição desta segunda-feira da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL). 
 
Edson Rodrigues da Silva, 31, formado na USP, foi aprovado ano passado no concurso público da rede estadual para ensinar matemática. Passou quatro meses no curso preparatório obrigatório do Estado para começar a lecionar neste ano no ABC paulista. Ao final do primeiro dia de aula, desistiu. 

"Vi que não teria condições de ensinar. Só uma aluna prestou atenção, vários falavam ao celular. E tive de ajudar uma professora a trocar dois pneus do carro, furados pelos estudantes. Se continuasse, iria entrar em depressão. Não vale passar por isso para ganhar R$ 1.000 por 20 horas na semana." 

Até a última sexta-feira (18), 60 professores já haviam finalizado o processo de exoneração, a pedido, média de mais de dois por dia letivo. 

A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) diz ser normal o número de desistências, considerando a quantidade de efetivações (9.30). No entanto, os educadores discordam. 

Para a coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Maria Marcia Malavasi, "o cenário é triste; especialmente na periferia, os professores encontraram escolas sem estrutura, profissionais mal pagos, amedrontados e desrespeitados." 


Fonte: Folha de São Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/saber/891569-professor-novato-desiste-de-aulas-na-rede-estadual-de-sp.shtml

Britânicos primitivos podem ter sido canibais

Novas análises de crânios humanos descobertos no sudeste da Inglaterra podem ser a prova de que os homens primitivos da região praticavam o canibalismo.


Segundo os cientistas, as marcas de arranhões nos crânios indicam que, há 14,7 mil anos, a parte superior da cabeça humana teria sido separada de seus tecidos com uma faca de pedra e transformada em uma tigela para comer e beber.


As evidências mostram que os esqueletos encontrados nas cavernas da Garganta de Cheddar, no condado de Sommerset, na Grã-Bretanha, foram tratados do mesmo modo que os ossos de animais encontrados no mesmo local.

A semelhança pode indicar que humanos também eram mortos e posteriormente comidos pelos homens pré-históricos.
Fósseis encontrados em caverna sugerem canibalismo entre humanos.


No entanto, os pesquisadores dizem que ainda não é possível dizer se os donos dos esqueletos encontrados foram mortos especificamente para serem comidos ou se morreram naturalmente, nem mesmo se eram membros do mesmo grupo.

Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/02/110217_video_cranio_canibalismo.shtml

quinta-feira, 17 de março de 2011

Os marinheiros pré-históricos de Creta

O homem já dominava as técnicas de navegação milênios antes do que se pensava. Isso é o que afirma um grupo de pesquisadores coordenado por Thomas F. Strasser, do Providence College em Rhode Island, e Eleni Panagopoulou, do Ministério da Cultura da Grécia. Eles encontraram, no sul da ilha de Creta, a mais antiga prova de navegação humana, datada de pelo menos 130 mil anos atrás. 
Equipe de pesquisadores do Providence College e do Ministério da Cultura da Grécia que acharam os indícios.

Foram dois anos de escavações, que revelaram a existência na região de diversos instrumentos feitos de pedras talhadas datadas do período Paleolítico (entre 700 e 130 mil anos). Segundo um dos pesquisadores do grupo, “encontrar ferramentas desse período em Creta é tão incrível quanto encontrar um iPod na tumba de Tutancâmon”.

Esses achados atestam pela primeira vez a instalação de hominídeos em uma ilha antes do período Neolítico (7000-3000 a.C.). Não se sabe, no entanto, de onde saíram. Os pesquisadores trabalham com a hipótese de terem vindo tanto da África ou Oriente Médio quanto da Anatólia (atual Turquia) ou da própria Grécia continental.

No total, os pesquisadores coletaram mais de 2 mil peças, feitas de quartzo e sílex. Como a ilha, no mar Mediterrâneo, está separada do continente há pelo menos 5 milhões de anos, os ancestrais humanos que habitaram o local só podem ter chegado por barco.

Fonte: Revista História Viva
http://www2.uol.com.br/historiaviva/noticias/os_marinheiros_pre-historicos_de_creta.html

quarta-feira, 9 de março de 2011

O que é ateísmo?


O que é ser ateu? O que faz uma pessoa ser incrédula à existência de um Deus ou de deuses? É possível viver sem Deus? 

Todos esses questionamentos são muito frequentes no mundo atual e, em geral, levam alguns religiosos a atos extremos de preconceito, fanatismo, discriminação e até mesmo violência. Quem segue uma determinada religião não consegue imaginar a existência de pessoas vivendo neste mesmo mundo sem acreditar na sua religião. Geralmente, quem é contrário a alguma religião monoteísta ou politeísta, os religiosos denominam de ateus. Ateu deriva do grego e significa quem nega a Deus ou a existência de uma ou várias divindades ordenadoras do mundo. Os religiosos, com frequência enxergam os ateus como pessoas adeptas ou prosélitas de divindades maléficas, em geral, adoradores do demônio. Isso é um grave equívoco cometido por religiosos.
Creio que os religiosos, com frequência, só veem o mundo de uma forma maniqueísta: bem e mal; claro e escuro; feio e belo; Deus e Diabo. Essas visões de mundo ou cosmovisões são grosseiras e repletas de atos preconceituosos e levianos. Neste caso, para um religioso, quem não é Cristão, por exemplo, só pode ser ateu ou herege, e nesse sentido, quem é ateu é tomado por crença no mal, no sobrenatural, no demônio. É por isso que, comumente, quem é ateu sente-se o medo de assumir-se publicamente, isso mesmo, quem não acredita na existência de uma divindade onipotente, onipresente e onisciente tem muito medo de dizer que é ateu, não por suas crenças, mas pelo desprezo e reprovação social da maioria dos religiosos que são maioria.

Outro dia José Luiz Datena fez uma enquete no seu programa diário Brasil Urgente perguntando aos telespectadores para responderem por telefone quem era ateu. Após a o resultado da enquete Datena fez comentários irrefletidos e levianos sobre as crenças dos ateus, questionando os posicionamentos daqueles que não acreditam na existência de Deus. Datena corroborou o que mencionei no parágrafo anterior, a maioria dos religiosos não enxergam a possibilidade de se viver neste mundo sem acreditar na existência divina, isso soa como se o mundo fosse somente norteado pelas religiões e nada mais. Quem é contrário a qualquer religião sofre preconceitos e discriminações de todas as formas. O que há de comum na atitude de Datena e de muitos religiosos é que lhes faltam algumas posturas fundamentais aos seres humanos: reflexão, alteridade, empatia e conhecimentos de Ciência, história e filosofia.

A ausência de prudência entre alguns religiosos pode ser explicada pela visão unilateral de seu mundo. A sua religião específica é a única aceitável e verdadeira, não permitindo o diálogo, debate e discussão com a ciência, história, filosofia e outras formas de conhecimento. Esse é o maior pecado da religião. Os religiosos têm uma enorme dificuldade em ver o mundo dos outros, só percebem os seus próprios pontos de vistas, de opiniões e não se permitem o questionamento de suas nobres crenças. 

Quem é ateu, penso, consiste num ser que valoriza essencialmente o pensamento racional em detrimento do senso comum e da especulação religiosa. As pessoas que negam a existência divina se baseiam em crenças fundamentadas na ciência ou na filosofia, que são, a meu ver, formas de conhecimentos mais satisfatórias para nossas maiores dúvidas. O ateu possui uma fidelidade à razão e não à obscuridade, prefere uma explicação dos fatos e acontecimentos mais lógica do que explicações infundadas, como as mitológicas e religiosas. O ateu permite-se e é aberto ao debate e ao diálogo sobre muitos questionamentos que dizem respeito à espécie humana, sobretudo, concernente a origem dos seres humanos, coisa que não é permitida no mito e na religião. Para o ateu, a teoria do criacionismo é questionável, pois não foi tecida em dados indiscutíveis e inquestionáveis, mas repleta de contradições. Os ateus não seguem religião, pois sabem que as religiões são invenções humanas construídas ao longo da história da própria humanidade. Nenhuma religião atual é autêntica, pura, imaculada, todas elas sofreram e sofrem influências de variadas culturas atuais e pretéritas. Talvez a postura do ateu consista na sua sagacidade por respostas as muitas perguntas ainda não respondidas sobre os seres humanos, a explicação religiosa fica mais próxima das fantasias, mitos e lendas. Ser ateu não é cultuar ou acreditar na existência de seres maléficos, monstruosos, hediondos, cruéis ou qualquer personificação do mal. O ateu, por exemplo, sabe que o próprio diabo é uma invenção do período medieval (Idade Média), principalmente da Igreja.  A história enquanto ciência tem mostrado e demonstrado que as maiores religiões monoteístas tiveram origem no Oriente, além disso, possui uma provável data do seu advento, o que permite muitas indagações: se a religião tem início, presumivelmente o conceito de Deus também. Todas essas inferências foram demonstradas pela arqueologia e pela história, ciências que se fundamentam nos rigores dos métodos científicos, que são a meu ver, mais plausíveis e admissíveis.

Algumas pessoas acreditam na impossibilidade de se viver sem Deus, sem acreditar na existência de uma força divina que ordena o mundo e todos os seres vivos que nele habitam. Muitos povos que viveram no período tradicionalmente denominado pré-história viviam de acordo com imperativos da própria natureza e não segundo a moral religiosa. Alguém pode refutar tal premissa partindo do pressuposto de que na pré-história não havia religião, neste caso, confirma-se a teoria de que a religião é uma invenção dos humanos para explicar a sua realidade conforme sua época. O Budismo, por exemplo, que é uma religião oriental, não há um Deus ordenador, tampouco criador do mundo e os budistas são mais pacíficos do que a maioria dos judeus, muçulmanos e cristãos que vivem um mundo guiado por Deus. O budismo serve de exemplo que é possível viver sem acreditar na existência de seres superiores, os gregos já demonstraram isso há 2.400 anos, principalmente, através de Sócrates que questionava a crença religiosa dos demais gregos. Foi assim que surgiu a filosofia, um modo de explicar a realidade mais inerente à realidade do que na fantasia, do que no mito e na religião. Os Gregos questionavam as divindades teoricamente existentes através da formulação de perguntas que não eram respondidas pelos crentes, como por exemplo, se existe uma infinidade de deuses (como se suponha naquela época na Grécia antiga) onde eles estão? Se os deuses são onipotentes, oniscientes e onipresentes porque não estão entre nós (entre os gregos)? Essas indagações jamais foram respondidas de modo convincente pelos religiosos.

Para o ateu, segundo creio, a ciência tem uma maneira de descrever e explicar a realidade de um modo mais convincente que a religião. A ciência tem demonstrado isso por vários séculos e a cada dia surpreende ainda mais a todos os humanos, contudo, a ciência não explica o todo, assim como o todo não pode ser explicado pela ciência. A ciência é parcial, o que não quer dizer imprecisa nem tampouco contraditória. Religião e ciência não fazem as pazes mais por resistência da religião que é dogmática e não aceita o diálogo, discussão e debate sobre suas crenças, rejeita qualquer dúvida sobre a santidade de seus mártires e líderes espirituais. E, ultimamente, temos visto inúmeros atos de fanatismo cometidos por religiosos em todo o planeta. Judeus versus muçulmanos, católicos versus evangélicos, xiitas versus sunitas, os conflitos e muito pior: as mortes em nome de Deus estão se expandindo cada vez mais. Só como exemplo recente, 11 de setembro. O que os ateus não conseguem entender, em muitos casos é porque os religiosos estão matando a si próprios em nome de Deus? Se fizermos um levantamento historiográfico vamos constatar que as maiores atrocidades da humanidade foram em nome de Deus, a título de exemplo: o massacre de Massada, as Cruzadas, a Conquista da América, A Reforma e Contrarreforma, A Inquisição, a guerra árabe palestina, católicos e protestantes na Irlanda, diversos atentados terroristas, 11 de setembro e etc. É incomum ouvir-se nos noticiários que vários atentados terroristas foram gerados e idealizados pelos ateus.

Ser ateu num país demasiado religioso é sofrer os mesmos preconceitos vivenciados pelos homossexuais, negros, índios, pobres e etc., ainda mais se tratando de Brasil, um país que tem uma Constituição que coíbe o preconceito e repudia qualquer ato de discriminação religiosa, no entanto, não é isso que tenho observado nos últimos anos.