quarta-feira, 18 de maio de 2011

Como vencer a pobreza e desigualdade?

REDAÇÃO DE ESTUDANTE CARIOCA VENCE CONCURSO DA UNESCO COM 50.000 PARTICIPANTES

Tema:'Como vencer a pobreza e a desigualdade'

Por Clarice Zeitel Vianna Silva UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - RJ
'PÁTRIA MADRASTA VIL'
 
Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência. .. Exagero de escassez... Contraditórios? ? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL. 
 
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade. 
 
O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e friamente sistematizada - de contradições. 
 
Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil.', mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil  está mais para madrasta vil. 
 
A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira'. Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
 
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra... Sem nenhuma contradição! 
 
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem!
 
A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão.. 
 
Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta - tão confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)... Mas estão elas preparadas para isso? 
 
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil. 
 
Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona? 
 
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos. 
 
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas. Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente... Ou como bicho?
 
Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel, de 26 anos, estudante que termina faculdade de direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil estudantes universitários. 
 
Ela acaba de voltar de Paris, onde recebeu um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por uma redação sobre 'Como vencer a pobreza e a desigualdade' 

A redação de Clarice intitulada `Pátria Madrasta Vil´ foi incluída num livro, com  outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da UNESCO.
 
Divulguem, aos poucos iremos acordar este "BRASIL".

Fonte: Recebido por e-mail.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Professores são obsoletos

Investimentos deveriam criar novas soluções em educação, possibilitando a formação de tutores

A Westinghouse era um gigante nos anos 20. Numa fábrica com 12 mil funcionários, conduziram uma experiência seminal. Aumentaram a iluminação e a produtividade aumentou. Depois, voltaram ao que era. A produtividade aumentou mais! Esse experimento provou que a intervenção gera mudanças temporárias, e não difere dos empresários que intervêm em escolas.

No começo a diretora faz cursos de gestão, aparecem computadores e reciclagem para professores. Com o tempo, tudo volta ao que era. E os valores que são colocados nessas escolas "mexidas" tornariam o orçamento da rede publica inviável, portanto, são artificiais.

Duas boas entidades, Instituto Ayrton Senna e Todos Pela Educação colocaram pesquisadores para achar o denominador comum de centenas de estudos sobre melhorias na sala de aula -o resultado, logicamente, não passa de um conjunto de platitudes.

São quatro as conclusões: um, o professor tem que ser bom. Os 20% melhores ensinam mais do que os 20% piores. Ué...
Segundo, que turmas menores aprendem mais -ou seja, não é bom ter 48 alunos na classe. Certo.

Terceiro, que é melhor que a turma seja homogênea -se for para aprender mais matemática e português-, mas seria melhor que fosse heterogênea -se for para outras matérias. Ops...

Quarto, que alunos aprendem mais se houver mais aulas.
Hmmm... Sei que faço uma caricatura, mas não difere disso. A culpa não é dos empresários -têm boas intenções-, mas cabe lembrar que 92,3% das empresas quebram ou são vendidas a cada 20 anos, o que sugere que o empresário tem dificuldade de entender do seu próprio métier, quem dirá educação.

Que empresários escolheriam um professor de sociologia, depois um torneiro mecânico e por fim uma guerrilheira para comandar o país?

Teriam acertado na mosca, o país nunca andou tão para a frente.

Perguntei, numa palestra em Londres para 59 ministros de Educação: por que as férias são tão compridas no verão? Nem um deles sabia -é assim porque as escolas eram rurais, e os pais precisavam da criançada para ajudar na colheita, por dois meses. É assim até hoje.

Melhorias marginais na escola são como motor novo e pintura metálica num Fusca 77.

O papel do professor está obsoletado. Pede-se demais: que entenda de uma matéria, mas cruze com outras; que saiba manter 39 meninos quietos; que lide com as sacanagens da carreira, com diretoras ranzinzas e pais perdidos; e ainda aprendam tudo sobre bullying e "bullshit".

Os investimentos e estudos deveriam ir para formatos novos, com professores virando os tutores esclarecidos da paideia grega e chamando à escola os milhões de recém-formados e aposentados que poderiam partilhar suas paixões.

Ficar tirando a média de um conceito medíocre é inócuo. Correr atrás de resultados melhores no Pisa parece avanço, mas não passa de uma polida no capô do Fusca.

RICARDO SEMLER, 51, é empresário. Foi scholar da Harvard Law School e professor de MBA no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Foi escolhido pelo Fórum Econômico de Davos como um dos Líderes Globais do Amanhã. Escreveu dois livros ("Virando a Própria Mesa" e "Você Está Louco") que venderam juntos 2 milhões de cópias em 34 línguas. 
Fonte: Folha de São Paulo
Recebido por e-mail.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Serra da Capivara: uma viagem no tempo pelo sertão do Piauí

Desconhecido dos turistas, Parque Nacional da Serra da Capivara guarda mais de 600 sítios arqueológicos, com pinturas rupestres de até 12 mil anos
A 530 km de Teresina, no interior do estado do Piauí, existe um tesouro pouco conhecido. Espalhado por quatro municípios, o Parque Nacional da Serra da Capivara abriga uma das maiores coleções de arte rupestre do mundo.

Parque Nacional guarda a maior coleção de pinturas rupestres do mundo.
Dos mais de 600 sítios arqueológicos que existem dentro do Parque Nacional, 170 estão abertos para a visitação. São registros de ocupação humana que, segundo estudos de arqueólogos e antropólogos, pode chegar até a 100 mil anos de antiguidade. Por sua importância, foi incluído na lista de Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.
A aventura já começa na estrada. O jeito mais fácil de chegar à cidade de São Raimundo Nonato, que é a base para esta verdadeira viagem no tempo, é via Petrolina no estado de Pernambuco. 
Pouco mais de 300 km de estrada separam as duas cidades, mas devido ao estado das rodovias, a viagem pode levar mais de cinco horas. Bois, bezerros, bodes e cabritos surgem na pista a todo momento, portanto é necessária uma boa dose de prudência no volante.
Trilhas bem sinalizadas levam até paredões de pedra com pinturas rupestres.
Uma vez no parque, é indispensável a contratação de um guia. Não é permitida a presença de visitantes sem o acompanhamento de um desses profissionais, que além de saberem os melhores caminhos para os principais pontos de interesse, ainda dão verdadeiras aulas sobre a fauna, flora e história do local. Além disso, devido às dimensões do Parque, é necessário o uso de um automóvel para explorá-lo.

As duas pinturas mais famosas da Serra da Capivara: "Beijo" e as duas capivaras.
Aí sim, é hora de embrenhar-se pelas trilhas, muito bem sinalizadas, até encontrar paredões de pedras com desenhos que ora retratam animais, ora cenas da vida pré-histórica, como danças, lutas, caça, sexo e parto.

É fascinante imaginar há quantos milhares de anos essas pinturas foram feitas e o quanto foram bem conservadas pela natureza. Trata-se de um verdadeiro museu a céu aberto, com pedra no lugar da tela e carvão e minerais como a hematita e o óxido de manganês no lugar da tinta. 


Um dos grandes destaques do Parque é o Boqueirão da Pedra Furada. Vale a pena reservar um fim de tarde para visitar este que é o sítio-modelo de escavação arqueológica da região. Nesta parede de pedra estão duas das mais famosas pinturas da Serra da Capivara: os dois animais símbolo do parque e o singelo “Beijo”. Se reservado com antecedência, o visitante pode ver o paredão em uma visita noturna, com uma iluminação excelente para fotos. 


Boqueirão da Pedra Furada ganha uma iluminação especial à noite. 
Próximo ao Boqueirão da Pedra Furada há um bem equipado centro de visitantes. Além de lanchonete e loja de lembrancinhas conta  com uma pequena exposição de fósseis de animais pré-históricos que foram encontrados no local. Pode-se ver a mão da preguiça gigante catonyx, os caninos de um tigre dente de sabre e pedaços da carapaça de um panochtus, espécie de tatu que chegava a ter o tamanho de um carro Fusca.

Museu do Homem Americano
Para entender melhor a importância do Parque Nacional da Serra da Capivara, é essencial uma visita ao Museu do Homem Americano. Uma exposição permanente conta a história da presença do homem nas Américas, baseado nas descobertas feitas na região do parque.

Crânios, ossadas e pedras lascadas são exibidos no Museu do Homem Americano.

Crânios, ossadas, pedras lascadas e objetos como machadinhas e urnas funerárias podem ser vistos de perto. Os vestígios mais antigos têm até 100 mil anos de idade, e os mais recentes são pós-colonização. Uma sofisticada sala multimídia oferece aos visitantes filmes sobre as pinturas rupestres.   

Fonte: IG 
http://turismo.ig.com.br/destinos_nacionais/2011/05/02/serra+da+capivara+uma+viagem+no+tempo+pelo+sertao+do+piaui+10412179.html


quarta-feira, 4 de maio de 2011

Código de Hamurábi (alguns textos)

1 – Escravidão no Código de Hamurábi

            Se um homem comprou um escravo ou escrava e (se) este não tiver cumprido seu mês (de serviço) e (se) uma moléstia (dos membros) se apossou dele, ele retornará a seu vendedor e o comprador tomará o dinheiro que dispendeu.
            Se um homem comprou um escravo ou uma escrava e (se) surgir uma reclamação, seu vendedor satisfará a reclamação.
            Se um homem, num país inimigo, comprou um escravo ou uma escrava de um homem, assim que for ao centro do país e (assim) que o senhor do escravo homem ou da escrava mulher reconhecer seu escravo homem ou sua escrava mulher, se o escravo homem ou a escrava mulher são filhos do país, eles serão postos em liberdade sem dinheiro (lhes será concedida a liberdade)
            Se são filhos de um outro país, o comprador declarará diante de Deus o dinheiro dispendido, e o senhor do escravo homem ou da escrava mulher dará ao damqarum[1] o dinheiro que este dispendeu e este tornará a comprar seu escravo homem ou mulher.
            Se um escravo diz a seu senhor: “Tu não és meu senhor”, seu senhor o convencerá de ser seu escravo e lhe cortará a orelha.
Código de Hamurábi, § 278/282


2 – O divórcio no Código de Hamurábi

            Se um homem se dispôs a abandonar uma sugetum[2] que lhe deu filhos ou uma salme[3] que lhe permitiu possuir crianças, a esta mulher será devolvido o seu dote e lhe será dada uma parte do campo, jardim e bens móveis e ela criará as crianças.
            Depois que ela tiver criado as crianças, sobre tudo aquilo que será dado às crianças, lhe será dado uma parte, como a um filho herdeiro e ela tomará marido de acordo com o seu coração.
            Se um homem abandornar sua primeira esposa, que não lhe deu filhos, ele lhe dará dinheiro de sua tirtatu[4] e lhe restituirá plenamente seu serigtu[5] que ela trouxera da casa de seu pai, depois ele a abandonará.
            Se ele não tiver tirtatu, ele lhe dará uma meia-mina de prata para abandoná-la.
            Se se tratar de um muskenum[6], ele lhe dará um terço de mina de prata.
            Se a esposa de um homem, que habita a casa deste homem, quiser sair e (se) ela tiver o hábito de fazer extravagâncias, desorganizar a casa, negligenciando o marido, ela deverá ser persuadida; e se o seu marido decidir repudiá-la, ele a repudiará, ele não lhe dará nada para sua viagem nem pelo seu repúdio.
            Se seu marido decidiu não repudiá-la, seu marido tomará outra mulher, esta mulher (a primeira) habitará na casa de seu marido como escrava.
            Se uma mulher odeia seu marido e lhe disser “tu não mais me terás como esposa”, aquilo que está por detrás de sua conduta, a respeito de sua culpabilidade será esclarecido.
            Se ela for zelosa e não tiver culpa e se seu marido sai e a negligencia muito, esta mulher não cometeu erro, ela tomará seu dote e irá para a casa de seu pai, se ela não for zelosa e costumar sair dissipando seus bens, negligenciando o marido, esta mulher será lançada n’água.
Código de Hamurábi, § 137 – 143


3 – O adultério no Código de Hamurábi

            Se a mulher de um homem tiver sido pega dormindo com outro varão, ambos serão atados e lançado n’água.
            Se o senhor (o marido) da esposa permitir que sua esposa viva, o rei deixará com vida seu servidor (o outro homem).
            Se um homem violentou a esposa de um homem, que não conheceu o marido e ainda habita a casa de seu pai, e se deitou sobre seu seio, e (se) for pego, este homem será morto e a mulher inocentada.
            Se a esposa de um homem tiver sido expulsa pelo marido e sem ter sido pega em flagrante dormindo com outro varão, ela jurará pela vida de Deus e tornará à sua casa.
            Se o dedo tiver sido apontado para a mulher de um homem por causa de um outro varão e (se) ela não tiver dormido com outro varão, por causa de seu marido (para apaziguá-lo) ela mergulhará no deus rio[7].
Código de Hamurábi, § 129 – 132


4 – A propriedade privada da terra

            Se um homem arrendou um campo para o cultivo e se ele não fez crescer o trigo neste campo, ele será persuadido de que não realizou o trabalho no campo e dará ao proprietário do campo tanto trigo quanto seu vizinho.
            Se ele não cultivou o campo e foi negligente, ele dará ao proprietário do campo tanto trigo quanto seu vizinho, e o campo, que ele negligenciou, ele o levará e passará a grade, antes de devolver a seu proprietário.
            Se um homem arrendou um campo inculto por três anos a fim de cultivá-lo e se ele se deitou nas costas (foi negligente) e não o lavrou, no quarto ano cavoucará o campo com a enxada, com o enxadão e passará a grade; e ele o devolverá ao proprietário do campo e ele lhe dará 10 gur de trigo por 10 gan.
            Se um homem tiver dado seu campo a um lavrador por uma renda e recebeu esta renda de seu campo, (se) em seguida, o deus Adad inundou o campo e levou a colheita, os danos são para o lavrador.
            Se ele não recebeu a renda de seu campo e se ele estiver pela metade ou terço da colheita, o lavrador o senhor do campo partilharão proporcionalmente o trigo que houver no campo.
            Se o lavrador, em virtude de, no ano precedente, não ter se desincumbido de seus encargos, houver indicado um outro para cultivar seu campo, o senhor do campo não recusará seu lavrador, este cultivará seu campo e, da colheita ele tomará o trigo correspondente às convenções.
Código de Hamurábi, § 42 – 47


5 – Atentados contra a propriedade na legislação de Hamurábi

            Se um homem roubou o tesouro do Deus ou do Palácio, este homem será morto, e aquele que recebeu o objeto roubado pela sua mão (o receptador) será morto.
            Se um homem roubou seja um boi, carneiro, asno, porco ou uma barca, se (for propriedade) de um deus, de um palácio, ele dará até trinta vezes, se (for) de um muskenum ele devolverá até 10 vezes, se o ladrão não tiver como pagar, ele será morto.
            Se um homem deixou escapar um boi ou um asno que lhe haviam confiado, ele devolverá a seu proprietário boi por boi, asno por asno.
            Se o pastor, a quem foi entregue gado de pequeno ou grande porte para fazer pastar, tiver recebido todo seu salário, e estiver com o coração alegre, se com ele diminuir o gado de grande porte, o gado de pequeno porte, diminuir a reprodução, conforme a boca (texto) de suas convenções, ele entregará a reprodução e a renda.
            Se o pastor a quem foi entregue gado de grande ou pequeno porte se tornou infiel e mudou a marca e deu-a por dinheiro, ele será persuadido, e ele dará ao proprietário até 10 vezes o que roubou do rebanho.
Código de Hamurábi, § 6, 8, 263/5




[1] Espécie de banqueiro e negociante.
[2] Esposa de segunda categoria; quando a esposa (salme) não podia dar filhos, o homem tinha direito de casar-se novamente; a sugetum nem bem era a primeira esposa, nem uma concumbina escrava.
[3] Esposa.
[4] Pagamento que os noivos efetuavam aos sogros, pela mulher que adquiriam; habitualmente o dinheiro era administrado pela própria mulher e funcionava como garantia, no caso de separação dos cônjuges.
[5] Dote.
[6] Elemento situado, socialmente, entre o homem livre (awilum) e o escravo.
[7] O rio irá acusar ou inocentar a mulher, de acordo com critérios ainda não esclarecidos pelos especialistas.

Fonte: PINSKY, Jaime. 100 textos de história antiga. 7ª edição - São Paulo: Editora Contexto, 2000.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Espíritos insaciáveis

Na China atual, os antigos sacrifícios humanos deram lugar a cuidadosos cerimoniais com as sepulturas - mas os mortos ainda fazem exigências.

Os guerreiros foram esculpidos há 2,2 mil anos para guardar, no além, o primeiro imperador da China. A vida após a morte era planejada: a comitiva contava também com animais e artistas.
Os moradores do vilarejo chinês Vale da Primavera raramente falam nos mortos.
"Este lugar sempre foi muito pobre", dizem quando pergunto sobre o passado, e então se calam. Eles têm poucas fotografias antigas e apenas um punhado de registros escritos. A Grande Muralha está ali perto, mas nem mesmo essas ruínas fabulosas inspiram muito interesse. Em 2001, em parte por curiosidade sobre a história da região, aluguei uma casa no vilarejo. Mas logo descobri que os vislumbres do passado eram fugazes. Como a maioria dos chineses da geração atual, os moradores concentram-se nas oportunidades do momento: o aumento nos preços daquilo que plantam, o megassurto da construção civil que traz novos empregos a Pequim, situada a menos de duas horas de viagem.

Em um único dia do ano eles olham para trás: em abril, durante o festival de Qingming. Esse nome chinês significa "dia do brilho luminoso", e por mais de um milênio tem sido celebrado em toda a China sob várias formas regionais. O culto dos ancestrais é ainda mais antigo. Há mais de 5 mil anos, as culturas do norte da China veneravam os mortos com cerimônias metódicas. Ecos dessas tradições perduram até hoje, e, no meu primeiro ano no vilarejo, quando enfim chegou o dia do festival, acompanhei meus vizinhos em sua visita ritual ao cemitério.

Só homens podiam participar. Todos se chamavam Wei, e cerca de uma dezena de membros desse numeroso clã partiu antes do amanhecer para subir a íngreme montanha atrás do vilarejo. Usavam roupas simples e levavam cestos de vime e pás nos ombros. Sem falar à toa nem parar para descansar, tinham o ar resoluto de uma turma de trabalho: de ferramentas em punho, avançavam com dificuldade, passando por damasqueiros em flor com botões que cintilavam como estrelas na penumbra da madrugada. Em 20 minutos chegamos ao cemitério do povoado, numa parte alta da encosta. Montinhos de terra dispunham-se em fileiras bem alinhadas. Cada fileira representava uma geração, e os homens começaram a trabalhar na fileira da frente, cuidando das sepulturas dos mortos mais recentes: pais e mães, tios e tias. Arrancaram ervas daninhas e depois jogaram mais terra no monte. Deixaram presentes especiais, como garrafas de bebida e maços de cigarro. E queimaram dinheiro de mentira para ser usado no além. A marca-d’água nas notas tinha os dizeres "Banco do Céu Ltda."

Cada morador deu atenção especial a seus parentes próximos, seguindo pela fileira dos pais para a dos avós, depois para a dos bisavós. Como quase nenhum túmulo tinha nome, conforme os moradores mudavam de fileira e regrediam no tempo, ficavam menos certos quanto à identidade dos ocupantes. Por fim o trabalho passou a ser em comum, todos compartilhando os cuidados de todas as sepulturas e ninguém sabendo quem estava enterrado ali. O último túmulo era solitário: o único representante da quarta geração. "Lao Zu, o ancestral", disse um morador. Não havia nenhum outro nome para o fundador do clã, cujos detalhes se perderam no passado.

Quando terminaram, a luz da manhã espiava por trás dos picos a leste. Um homem chamado Wei Minghe explicou que os montes de terra representavam as casas dos mortos, e a tradição local mandava que os moradores concluíssem o ritual de Qingming antes do amanhecer.

"Se pusermos terra no túmulo antes que o sol apareça, significa que na outra vida eles ganham um telhado de telhas", disse ele. "Se não acabarmos a tempo, eles ganham cobertura de sapê."

Wei Minghe beirava a casa dos 70 anos, mas ainda tinha o físico esguio e musculoso de quando era lavrador. Agora morava em um apartamento para aposentados numa cidade próxima, Huairou, e todo ano retornava ao Vale da Primavera para o Qingming. Mais tarde naquele dia, dei-lhe carona para voltar à cidade. Quando perguntei se ele tinha saudade do Vale da Primavera, comentou: "Antes do apartamento onde estou agora, nunca morei em um lugar que tivesse bom aquecimento". Essa visão do progresso é compreensível e condiz com a preferência dos ancestrais: telhado de telhas, e não de sapê.
A ideia dos chineses sobre a vida após a morte sempre foi marcada por qualidades que muitos ocidentais considerariam mundanas. Os antigos em geral tinham uma visão do além que era pragmática, materialista e até burocrática, e esses valores ficam evidentes nas descobertas arqueológicas atuais. Muitas tumbas reais, quando abertas, mostram uma imensa riqueza e uma organização meticulosa. A tradição de sepultar o corpo com bens valiosos remonta no mínimo ao quinto milênio antes de Cristo, quando algumas tumbas continham jade e cerâmicas.

Só a partir da cultura Shang, que floresceu no norte da China entre 1600 e 1045 a.C., temos evidências por escrito de como as pessoas concebiam a vida após a morte. Os primeiros textos chineses aparecem em ossos oraculares dos Shang: escápulas de boi e carapaças de tartaruga usadas em rituais na corte real. Quebrados e interpretados, os ossos eram um meio de comunicação com o mundo invisível e permitiam inclusive transmitir mensagens ao ancestrais da família real. "Comunicamos por este ritual a doença de olhos do rei ao Avô Ding." "Comunicamos por este ritual ao Pai Ding a chegada do Shaofang [um inimigo]."

Os mortos tinham grande poder sobre o dia a dia - ancestrais insatisfeitos podiam causar doença ou desventura aos vivos. Muitos ossos oraculares mencionam sacrifícios para apaziguar os espíritos. Em um complexo de tumbas na província de Henan, escavações revelaram mais de 1,2 mil fossos sacrificatórios, muitos contendo vítimas humanas. Um arqueólogo disse-me um dia que havia contado 60 modos de matar uma pessoa durante uma cerimônia Shang. Mas ele lembrou também de que se tratava de ritual, não de assassinato ou violência arbitrária. Da perspectiva Shang, o sacrifício humano era apenas parte de um sistema bem organizado. Os Shang seguiam um calendário estrito no qual cada sacrifício era dedicado a seu respectivo ancestral. Seus procedimentos obedeciam a um rigor quase científico. Em um caso, um adivinho pacientemente quebrou 70 ossos oraculares para descobrir qual ancestral estava sendo responsável pela dor de dente do rei vivo.

Os mortos, por sua vez, estavam sujeitos a vasta burocracia. Os membros da família real trocavam de nome após a morte a fim de marcar a transição a novos papéis na eternidade. O propósito do culto aos ancestrais não era lembrar o modo como as pessoas haviam sido em vida - era, na verdade, granjear o favor dos finados, que passavam a ter outras incumbências. Muitas inscrições em ossos oraculares solicitavam a um ancestral que fizesse uma oferenda própria a um poder ainda mais elevado.

David N. Keightley, historiador da Universidade da Califórnia em Berkeley, ficou impressionado com o fato de as inscrições em ossos oraculares transmitirem uma ideia de ordem e hierarquia. "Os mortos mais recentes se encarregam de coisas pequenas; os falecidos há mais tempo tratam das coisas maiores", conta ele. "É um modo de organizar o mundo."

Após a queda dos Shang em 1045 a.C., a dinastia Zhou, que governou partes da China setentrional até o século 3 a.C., deu continuidade à adivinhação com ossos oraculares. Mas a prática do sacrifício humano foi perdendo importância, e as tumbas reais começaram a conter mingqi, objetos "espirituais", em substituição a bens verdadeiros. Representações moldadas em cerâmica tomaram o lugar de pessoas. Os soldados de terracota encomendados pelo primeiro imperador da China, Qin Shi Huang Di, que uniu o país sob única dinastia em 221 a.C., são o exemplo mais conhecido. Esse exército de 8 mil estátuas em tamanho natural destinava-se a servir ao imperador no além-túmulo.

A dinastia seguinte, a Han, deixou uma coleção de artigos funerários de caráter menos militar. A tumba de Han Jing Di, que governou de 157 a 141 a.C., continha um assombroso conjunto de bens espirituais representando as necessidades do cotidiano: réplicas de porcos, ovelhas, cães, carruagens, pás, serrotes, enxós, talhadeiras, fogareiros e instrumentos de medição. Existem até estampilhas, ou carimbos oficiais, para uso dos burocratas do outro mundo.

Em uma cultura rica e antiga como a da China, a linha do passado ao presente nunca é reta, e inúmeras influências moldaram e mudaram a visão chinesa do mundo dos espíritos. Alguns filósofos taoístas não acreditavam em vida após a morte, mas o budismo, cuja influência sobre o pensamento chinês começou no século 2 d.C., introduziu conceitos de renascimento. Além disso, houve a infiltração de ideias budistas e cristãs de recompensa e castigo eternos.

Ainda assim, elementos de culturas mais antigas, como Shang e Zhou, permaneceram reconhecíveis ao longo dos milênios. Os chineses continuaram a cultuar seus ancestrais e a imaginar o além-túmulo em termos materiais e burocráticos. Casos de quase morte engendraram lendas populares, como a de um escriturário do outro mundo que errou ao grafar um nome no livro razão dos mortos e quase cortou uma vida antes que o erro fosse descoberto.

David Keightley contou-me que acha otimista a visão que os chineses tradicionais têm da morte. Nela não existe conceito de pecado original; por isso, entrar na outra vida não requer nenhuma mudança radical. O mundo não é fatalmente defeituoso; pelo contrário, nos fornece um exemplo bem adequado para a próxima etapa. "No Ocidente tudo é sobre renascimento, redenção e salvação", diz ele. "Na tradição chinesa a pessoa morre mas continua sendo o que é."

Keightley acredita que ideias como essa contribuíram para a estabilidade histórica da sociedade chinesa. "Culturas que veneram seus ancestrais tendem a ser conservadoras", explica ele. "As novidades não atrairão as pessoas, pois isso seria uma afronta aos antepassados."

As atuais mudanças na China não têm nada de conservadoras e são duras com os mortos. Muitos cemitérios são destruídos por projetos imobiliários, e multidões de chineses da zona rural migram para as cidades e não podem mais voltar ao Qingming. Alguns tentam formas alternativas de cuidar das sepulturas, como websites que permitem aos descendentes zelar por "sepulturas virtuais". Mas em um país que muda rapidamente é difícil pensar no passado, e muitas tradições acabam declinando até desaparecer.

A cada ano no Vale da Primavera parece que um número menor de pessoas vem celebrar o Qingming. Mas o festival perdura, e alguns de seus elementos lembram rituais milenares. Os túmulos no vilarejo são organizados com precisão burocrática, com cada geração em sua devida fileira. Os aspectos materiais permanecem importantes: cigarro, bebida e dinheiro de mentira para os mortos. Talvez algum dia até essas tradições sejam abandonadas, mas por enquanto elas ainda fornecem uma ligação entre passado e presente.

Três anos depois de meu primeiro Qingming, apenas sete moradores sobem a montanha até o cemitério. Lá em cima, vejo um novo túmulo na primeira fila, decorado com uma vela com os dizeres "Eternamente jovem". Curioso, pergunto quem está enterrado ali. "Wei Minghe", responde o homem a meu lado. "Você lhe deu uma carona até a cidade anos atrás. Morreu no ano passado. Não me lembro em que mês." Outro homem acrescenta: "É a primeira vez que estamos marcando o túmulo dele".

"No ano passado, ele pôs terra no túmulo de outras pessoas", filosofa alguém. "Neste ano, nós colocamos terra no dele." Pego uma pá e contribuo para o monte. Alguém acende um cigarro e o espeta na terra. Wei Minghe teria gostado desse detalhe, apreciado o momento. Partimos antes do amanhecer - os ancestrais, ao menos por mais um ano, terão seu telhado de telhas.
Fonte: National Geografic Brasil
http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-118/china-festival-qingming-culto-mortos-519979.shtml?page=0

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Pastor Silas Malafaia




Não podia deixar de compartilhar este vídeo que recebi recentemente por e-mail, confesso que não conhecia o Pastor Silas Malafaia, e no primeiro contato - apesar de não ser interativo - me deixou uma péssima impressão de sua conduta ética, moral e religiosa. Obviamente, a conduta de uma pessoa não se resume a ideologia de uma fé, nem tampouco de uma religião, mas fico preocupado com os fiéis que são conduzidos por este Pastor de "almas". Assistam e comentem no espaço reservado.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Pesquisador diz que data da Páscoa pode ser modificada

Cientista britânico oferece teoria para conciliar contradição entre Evangelhos quanto à data da Última Ceia de Jesus

A Última Ceia, famoso mural pintado por Leonardo da Vinci no século XV.
A Última Ceia ocorreu numa quarta-feira - um dia antes do que se pensava - e a data para a Páscoa agora pode ser modificada, segundo um cientista da Universidade de Cambridge que está buscando resolver uma das contradições mais persistentes da Bíblia.

Cristãos estabeleceram a última refeição de Jesus na Quinta-feira Santa há séculos mas, graças a uma redescoberta do antigo calendário judaico, o professor Colin Humphreys sugere outra interpretação.

"Eu estava intrigado com as histórias bíblicas sobre a última semana de Jesus, nas quais ninguém consegue encontrar nenhuma menção de quarta-feira. É chamado de um dia perdido", disse Humphreys à Reuters. "Mas isso parecia ser tão improvável: afinal de contas, Jesus era um homem muito ocupado."

Suas descobertas ajudam a explicar a inconsistência misteriosa entre os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, que disseram que a Última Ceia coincidiu com a Páscoa Judaica, e o de João, que disse que a refeição ocorreu antes do dia que comemora o Êxodo do Egito.

A pesquisa de Humphreys sugere que Jesus, Mateus, Marcos e Lucas estavam usando o calendário pré-exílico, do tempo de Moisés, e que conta o primeiro dia do mês a partir do final do ciclo lunar anterior, enquanto João estava se referindo ao calendário oficial judaico.

"Foi um erro extremamente curioso para qualquer um fazer porque, para o povo judeu, a Páscoa Judaica era uma refeição muito importante", disse Humphreys, um cientista na área de metalurgia e materiais, e cristão.

Com a ajuda de um astrônomo, Humphreys reconstruiu o calendário pré-exílico e colocou a Páscoa Judaica no ano 33 d.C, amplamente aceita como a data da crucificação de Jesus, na quarta-feira, 1o de abril.

Isto significa que se os cristãos modernos quiserem estabelecer uma data para a Páscoa com base nos cálculos de Humphreys, que ele vem elaborando desde 1983, o Dia da Páscoa seria o primeiro domingo de abril.

Fonte: IG
http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/pesquisador+diz+que+data+da+pascoa+pode+ser+modificada/n1300082213509.html

 

domingo, 17 de abril de 2011

Cientistas encontram esqueleto do que seria um homossexual de 5 mil anos atrás

Cientistas tchecos escavaram o que acreditam ser o esqueleto de um homem homossexual ou transexual que viveu entre 4.500 e 5.000 anos atrás.
 
Enterro seguiu normas que mesclam tradições masculinas e femininas. 
 
A equipe de pesquisadores da Sociedade Arqueológica Tcheca constatou que os restos - retirados de um sítio arqueológico neolítico em Praga - indicam que o indivíduo, de sexo masculino, foi enterrado segundo ritos normalmente destinados às mulheres.

A arqueóloga Katerina Semradova disse à BBC Brasil que o enterro “atípico” indica que o indivíduo encontrado fazia parte do “terceiro sexo”, provavelmente homossexual ou transexual.

"Trabalhamos com duas hipóteses: a de que o indivíduo poderia ter sido um xamã ou alguém do terceiro "terceiro sexo'. Como o conjunto de objetos encontrados enterrados ao redor do esqueleto não corroboravam a hipótese de que fosse um xamã, é mais provável que a segunda explicação seja a correta", disse Semradova.

As escavações foram abertas ao público nesta quinta-feira e a visitação tem sido intensa.

Os restos são de um membro da cultura da cerâmica cordada, que viveu no norte da Europa na Idade da Pedra, entre 2.500 AC e 2.900 AC.

Neste tipo de cultura, os homens normalmente são enterrados sobre o seu lado direito, com a cabeça virada para o oeste, juntamente com ferramentas, armas, comida e bebidas.

As mulheres, normalmente sobre o seu lado esquerdo, viradas para o leste e rodeada de jóias e objetos de uso doméstico.

Objetos escavados na tumba são atípicos de enterros masculinos.
O esqueleto foi enterrado sobre o seu lado esquerdo, com a cabeça apontando para o oeste e cercado de objetos de uso doméstico, como vasos.

"A partir de conhecimentos históricos e etnológicos, sabemos que os povos neste período levavam muito a sério os rituais funerários, portanto é improvável que esta posição fosse um erro", disse a coordenadora da pesquisa, Kamila Remisova Vesinova.

"É mais provável que ele tenha tido uma orientação sexual diferente, provavelmente homossexual ou transexual."

Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/04/110407_gay_neolitico_pu.shtml

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Documentarista diz ter encontrado pregos da cruz de Jesus Cristo

Especialistas em arqueologia consideraram a hipótese fantasiosa

Para documentarista Simcha Jacobovici pregos encontrados em escavações seriam da crucificação de Jesus Cristo.  

Um documentarista afirma que dois pregos encontrados em um tumba em Jerusalém podem ter sido usados na crucificação de Cristo, hipótese que foi criticada e causou polêmica entre especialistas em arqueologia.

Os objetos foram encontrados em 1990, durante uma escavação na região montanhosa de Armon Hanatziv, 6 quilômetros ao sul da cidade antiga de Jerusalém. A área agora possui um parque e prédios residenciais.

No local, estavam dois ossuários - caixas contendo restos mortais antigos -, ambos com a inscrição "Caifás", nome do sumo sacerdote de Jerusalém durante o período de Cristo.

Segundo a Bíblia, foi ele quem entregou Jesus ao governador romano Pôncio Pilates, para ser depois condenado à morte por crucificação. Os pregos estavam dentro de um dos ossuários.

Outros objetos foram encontrados dentro das caixas, como moedas, uma garrafa de perfume e um lampião. Os artigos foram levados a um laboratório na Universidade de Tel Aviv, onde passaram por estudos e ficaram guardados por cerca de 15 anos.

Para o documentarista Simcha Jacobovici, as autoridades israelenses não deram a importância devida aos pregos, que, segundo ele, teriam sido usados na crucificação e, anos depois, enterrados junto de Caifás por sua família.

O motivo disto, de acordo com o diretor, seria o fato do sacerdote ter mudado de ideia sobre Cristo após a cruficicação. Enterrar Caifás com os pregos seria uma maneira de dar-lhe proteção divina na vida após a morte.

Jacobovici considera as evidências "muito fortes", mas admite não ter 100% de certeza de que os pregos foram de fato utilizados para crucificar Cristo.

O assunto é tema de seu documentário Nails of the Cross ("Pregos da Cruz", em inglês), primeira parte de uma série chamada Jewish Secrets of Christianity ("Segredos Judeus do Cristianismo"), a ser transmitida por uma rede de TV israelense.

Nascido em Israel e criado no Canadá, Jacobovici é autor de diversos filmes e programas de TV em que explora assuntos relacionados à arqueologia e à história, como a série The Naked Archaeologist, transmitida pelo canal History Channel.

Polêmicas 
 
Alguns documentários de Jacobovici sofreram críticas por sua suposta falta de apuro científico. Um deles foi The Lost Tomb of Jesus ("A Tumba Perdida de Jesus"), que afirma que a família de Jesus estaria enterrada em uma tumba próxima à cidade antiga de Jerusalém.

A Autoridade de Antiguidades de Israel, órgão que supervisionou as escavações em 1990, afirma que pregos são frequentemente encontrados em tumbas na região.

A entidade diz, segundo a agência Reuters, que o filme de Jacobovici é "interessante", mas a sua interpretação sobre os pregos é "fantasiosa". O órgão afirma ainda que "Caifás" era um nome comum à época, e que não há provas de que os ossuários contêm os restos do sacerdote.

O documentarista, citado pela agência Xinhua, contesta a Autoridade e diz que o nome era incomum, o que faz com que as caixas de ossos sejam de fato do religioso que entregou Cristo a Pilates.

Já Zvi Greenhut, da Autoridade de Antiguidades de Israel, que foi responsável pela escavação em Armon Hanatziv, negou, em entrevista à rede CNN, que os pregos que estão na Universidade de Tel Aviv sejam os mesmo que ele desenterrou.

Greenhut disse ainda que considera as teses de Jacobovici “imaginativas”.

Fonte: IG
http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/documentarista+diz+ter+encontrado+pregos+da+cruz+de+jesus+cristo/n1300067652896.html

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Família neandertal canibalizada é encontrada em caverna na Espanha

Arqueólogos descobriram os restos de uma possível família de 12 neandertais que foram mortos há 49 mil anos numa caverna da região de Astúrias, no norte da Espanha.
Fragmentos de ossos foram encontrados em caverna das Astúrias.

Segundo os pesquisadores, marcas nos ossos mostram sinais de atividade canibal, indicando que os indivíduos encontrados foram comidos por outros neandertais.

Detalhes da descoberta foram publicados na última edição da revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences

Apesar de os fragmentos de ossos de seis adultos e seis crianças terem sido encontrados dentro da caverna, os arqueólogos acreditam que eles viviam e foram mortos na superfície, mas que teriam sido envolvidos pela caverna após um desabamento.

“Todos eles mostram sinais de canibalismo. Eles têm marcas de cortes em vários ossos, incluindo os crânios e as mandíbulas”, disse o arqueólogo Carles Lalueza-Fox, do Instituto de Biologia Evolucionária de Barcelona, que coordenou o estudo.

“Os ossos longos foram fragmentados para tirar o tutano, então todos os sinais de canibalismo que foram descritos em outros locais de neandertais estão presentes nesses indivíduos”, afirmou.

Família

A conclusão de que o grupo era uma família vem da análise do DNA mitocondrial, o material genético encontrado nas células animais passado pela linhagem feminina.

Os dados genéticos sugerem que enquanto os três adultos do sexo masculino no grupo tinham a mesma linhagem materna, as três mulheres do grupo tinham origens maternas diferentes.

Segundo os pesquisadores, isso mostraria que pelo menos nesta família de neandertais, as mulheres vieram de fora do grupo, enquanto que os homens permaneceram no grupo familiar ao chegar à idade adulta.

Esse modelo do que é chamado “patrilocalidade” é comumente visto em algumas culturas modernas, observa Lalueza-Fox, com os homens permanecendo na casa da família após o casamento com uma mulher de outro grupo.

Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/2010/12/101222_neandertais_canibalizados_caverna_rw.shtml

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ocupação da América pode ter iniciado há pelo menos 15.500 anos

A descoberta no Texas de um sítio arqueológico contendo milhares de vestígios datando de 15.500 anos faz recuar em pelo menos 2 mil anos as estimativas de chegada dos primeiros ocupantes à América, além de colocar em dúvida a teoria atual sobre a colonização do continente.

Uma corrente aceita atualmente acredita que as primeiras tribos americanas faziam parte da cultura denominada Clóvis, com traços encontrados em vários pontos, a partir de 1932.

Segundo esta hipótese controversa, os portadores desta cultura, caracterizada por uma técnica muito particular de entalhe de pontas de sílex de dois gumes, teriam vindo da Ásia há cerca de 13.500 anos através do Estreito de Bering, durante a Era do Gelo. Eles teriam, em seguida, se espalhado por todo o continente, até chegar à América do Sul.

O novo sítio arqueológico texano, chamado "Debra L. Friedkin" e situado a cerca de 60 km ao noroeste de Austin, documenta com um número de indícios sem precedentes uma ocupação humana do continente americano anterior à cultura Clóvis.

O achado coloca em dúvida a teoria atual dos primeiros povos americanos, destacou Michael Waters, diretor do Centro de Estudos dos Primeiros Americanos da Universidade do Texas e principal autor do trabalho, publicado na revista americana Science, que estará nas bancas a partir desta sexta-feira, 25 de março.

Artefatos achados no Texas evidenciam ocupação humana na América do Norte há, pelo menos, 15.500 anos, recuando as estimativas anteriores em 2 mil anos (Foto: Michael R. Waters / Science / via AP Photo)
"Essa descoberta nos força a repensar as origens da colonização das Américas", insistiu o pesquisador. "Não há dúvidas de que essas ferramentas e armas foram fabricadas por humanos e que têm cerca de 15.500 anos de idade, o que faz delas os vestígios mais antigos encontrados até hoje na América do Norte", acrescentou.

"Isso é importante para fazer avançar o debate sobre a data de chegada dos primeiros ocupantes das Américas, mas também para nos ajudar a compreender as origens da cultura Clóvis", segundo ele. Michael Waters destacou durante uma teleconferência que a teoria do povoamento do continente americano pela cultura Clóvis possui várias grandes falhas.

Por exemplo, não existe qualquer traço da "tecnologia" de entalhe de sílex dos Clóvis no nordeste da Ásia, de onde esses colonizadores teriam vindo. Ainda, as pontas de flechas de sílex descobertas no Alasca e que precediam em mil anos à chegada da tribo Clóvis foram fabricadas de forma diferente.

Enfim, acrescenta esse arqueólogo, seis sítios datando do mesmo período da "cultura Clóvis" descobertos na América do Sul não contêm qualquer traço que possa ser assimilado a essa "cultura".

Equipe trabalha no campo Debra L. Friedkin, nos EUA (Foto: Michael R. Waters / Science / via AP Photo)
"Esses fatos levam à conclusão de que os Clóvis não poderiam ser os primeiros americanos e que outros homens já se encontravam na América antes", completou o cientista.

Entre os indícios anteriores, o cientista menciona, principalmente, dois sítios no estado de Wisconsin datando de 14.200 a 14.800 anos, as cavernas de Paisley no estado de Oregon (14.100 anos) e Monte Verde, no sul da América do Sul (14.500 anos).

"Chegou a hora de abandonar de uma vez por todas a teoria da colonização dos Clóvis e elaborar um novo modelo que explique o povoamento das Américas. Nesse sentido, o sítio Debra L. Friedkin deu um grande passo em direção a essa nova compreensão dos primeiros habitantes do novo mundo", insistiu Michael Water.

A datação é feita por meio de uma técnica por luminescência, que calcula quando os sedimentos sobre os vestígios foram expostos à luz pela última vez. 

Fonte: G1
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/03/ocupacao-da-america-pode-ter-iniciado-ha-pelo-menos-15500-anos.html