quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Cuide bem dos mestres!


Muitos economistas apontam o Brasil como um dos países emergentes economicamente e politicamente, não há dúvida disso, hoje o nosso país é uma potência mundial. Está entre as dez maiores potências do mundo. A crise econômica que neste ano afetou e até mesmo ruiu milhares de países que dependem do setor industrial e econômico, aqui, apenas aqueceu a economia brasileira. O nosso país com quase duas centenas de milhões de habitantes não está entre os primeiros do ranking mundial devido à ausência de políticas sociais. Economicamente falando, o Brasil desponta, no cenário social falta ainda muita coisa para tornar uma grande nação. Saúde pública, saneamento, segurança, infra-estrutura, moradia, rodovias, qualidade de vida e a mais importante de todas, a Educação, precisam emergencialmente de novas ações e políticas públicas. A educação no nosso país está precária, faltam ações políticas de valorização do Magistério. Apesar da Constituição Federal de 1988 enaltecer que uma das obrigações do Governo é fornecer uma Educação digna de qualidade. Na verdade não é isso que acontece. Ser Professor num país que não valoriza o magistério está sendo uma tarefa bastante difícil. Há décadas atrás um professor recebia mensalmente mais de três salários míninos em média, hoje o valor de uma hora aula não ultrapassa R$ 4,00. A qualidade do ensino público decaiu vertiginosamente, assim também como a valorização dos docentes é fútil.

Além desses índices negativos, o respeito aos mestres está declinando cada vez mais, porque isso ocorre no país que cresce economicamente e padece de políticas educativas? Segundo o Senador Cristovam Buarque, uma das ações primordiais para o crescimento de uma nação ou país é a educação. Essa asserção se cristaliza a partir da análise dos países que estão na dianteira como países desenvolvidos, a educação nestes países é uma prioridade. No nosso caso a Educação fica ao relento. Se a falta de ações políticas e a desvalorização do Magistério fossem os únicos fatores responsáveis pelo descrédito nas Escolas Públicas seria admissível, todavia, o desrespeito aos mestres está em ascensão. Viraram prática comum os professores de escolas públicas serem agredidos. Alguns anos atrás, a maior agressão desferida por alguns alunos aos professores era a agressão moral, através de ofensas e palavras encolerizadas. Comumente, ouve-se nos diversos meios de comunicação de massa que professores são agredidos fisicamente em todos os lugares do país, estes fatos suscitam um questionamento, qual o mal causado pelo ato de ensinar? Ensinar é difundir de alguma maneira a prática de desvelar o conhecimento, apreender quer dizer pegar os ensinamentos que são transmitidos pelos nossos mestres. Já se foi o tempo que o professor era reverenciado, aclamado, aplaudido, ovacionado, a prática apologética aos docentes está cada vez mais sendo esquecida. O que está acontecendo no cenário social que muitos alunos não respeitam seus mestres? Será que a sociedade, principalmente, sob a instituição da família está perdendo os valores mais pertinentes ao respeito? Respeitar é uma manifestação de consideração ao outro ser, também é uma forma de reconhecimento pela atuação profissional ou pessoal daquele ser, contudo, respeitar o próximo está sendo dirimido por alguns jovens alunos, porém, vale salientar que a prática de desrespeito não é comum a todos os discentes.


Tenho conversado com professores de várias regiões do Estado de Pernambuco, e desconheço algum docente que não tenha sofrido alguma agressão física ou moral proferida por alunos.

A situação é preocupante, houve casos de professores que foram baleados, esfaqueados, bofeteados em algumas partes do corpo e até mesmo assassinados quando saiam de seu local de trabalho. A impunidade, muitas vezes, impera de forma majestosa num país que cresce economicamente e recrudesce socialmente, principalmente educacionalmente. Os pais quando comparecem à Escola para atendimento de chamados de desvio de conduta de seus filhos, muitas vezes, mal ouvem o posicionamento dos professores, enaltecendo e defendendo a versão – muitas vezes distorcidas – dos filhos, nesses casos o “errado” é o professor. Ocorreram casos que os agressores foram os próprios pais! O que há de errado com a nossa educação pública? O bode expiatório hodierno é o professor. Se o ensino vai mal o responsável por tal fracasso é o docente. Se o aluno é evadido do ano letivo, onde estava o professor no momento da evasão do aluno. Se o aluno fracassar no desempenho escolar, o culpado é professor. Será que o responsável pelo índice de reprovação, evasão e desrespeito encadeados pelos alunos é do professor? Onde fica a atuação dos políticos e da família nesses casos?

Vamos aos dados:

No Estado de Pernambuco os docentes recebem os piores salários do nosso país, um professor Estadual recebe em média R$ 980,00, dados fornecidos pelo Ministério da Educação (MEC – 2009). Inclusive estes dados estão equivocados, um professor estadual em início de carreira recebe apenas pouco mais de R$ 800,00. As salas de aulas estão superlotadas, em média 50 ou mais alunos por sala. É muito difícil administrar ou mesmo lecionar nestas condições de trabalho. Imagine-se um professor com 14 turmas de mais de 50 alunos, são mais de 700 alunos para repassar ensinamentos e lições. Evidentemente, não há como fornecer um ensino de qualidade em tais condições. A maioria das Escolas públicas do Estado de Pernambuco não dispõe de laboratório de informática, laboratório de ciências, sala de projeção, projetores – conhecidos popularmente como data show – professores efetivos, bibliotecas com acervos limitados e carência de profissionais de diversas funções. Quando dispõe a infra-estrutura é inadequada. Outro dado negativo, parte dos próprios alunos que possuem livros didáticos, que são os mesmos adotados em algumas escolas privadas, mas, muitas vezes, não o levam para as aulas ou até mesmo nem utilizam para fins didáticos.

Estas são apenas algumas evidências da situação das Escolas Públicas do Estado de Pernambuco. Ser professor num país que não valoriza o magistério está sendo um ofício cada vez mais escasso. Os docentes que resistem são aqueles intrépidos profissionais que enfrentam com destreza os desafios da profissão. O que me surpreende é que o ofício de professor é semear os alunos com ensinamentos, lições, conhecimentos e não promover o ensino do inadequado, prescindível ou mesmo de coisas nocivas aos estudantes.

Para encerrar, em alguns países asiáticos os alunos aguardam os professores sentados dentro das salas de aulas, não interrompem o decorrer do ensino, não viram as costas para os docentes, muito menos atrapalham a atenção dos demais alunos. Quando um aluno fracassa no ano letivo escolar, no Japão, por exemplo, a família é a responsável por tal fracasso!

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