quinta-feira, 4 de março de 2010

Que é Filosofia?


Num bate papo de familiares, eu e meu pai, percebi que existe um grande paradoxo de gerações e compreensões do mundo no qual vivemos. Me pai havia me dito que a humanidade sofre uma grande “discórdia”, as pessoas não seguem mais a religião Católica como deveriam, existe muita descrença pela nova camada de jovens que forma a sociedade. Essa atitude do meu pai é compreensível. Dá década de 1950 aos tempos atuais jamais houve uma transformação equivalente em toda história da humanidade. Nos últimos cinqüenta anos os seres humanos vivem e respiram o maior processo mutável de toda a espécie humana. Revoluções tecnológicas, científicas, religiosas, políticas, econômicas, sociais e, principalmente, dos meios de comunicação de massa. Para voltar concisamente no tempo basta lembrar que na antiguidade os povos acreditavam apenas nos mitos, na Idade Média, havia mitos também, contudo, o domínio soberbo ficava nas mãos da Igreja Católica ou religião. Na Idade Moderna, surgem os primeiros esboços da ciência que impera de maneira majestosa até hoje. Mesmo assim, onde fica a filosofia neste caso?
Os seres humanos do mundo contemporâneo que habitam qualquer recanto do planeta recebem diariamente uma miríade de notícias, informações, definições, afirmações e conceitos diversos sem ao menos inquirir, duvidar, questionar, investigar as informações que lhe são repassadas diariamente, e isso não acontece apenas nos meios de comunicação, ocorrem também na família, no trabalho, no lazer, no encontro com amigos e etc.
Essa prática de conhecer as coisas de forma passiva é extremamente nociva e prejudicial a todo e qualquer cidadão. Assim como as informações são noticiadas e transmitidas essas informações podem trazer “ideologias” ocultas e interesses obscuros sobre a forma de informação. Esse é papel da filosofia. Sendo assim, filosofia é

A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido. Perguntaram, certa vez, a um filósofo: “Para que Filosofia?”. E ele respondeu: “Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações”.  (CHAUÍ, 2000)

Essa é a prática que deveria ser comum e rotineira em todos os seres humanos, mas, na verdade isso não ocorre com freqüência. Por exemplo, um Professor de História lecionando uma aula sobre pré-história, uma notícia veiculada pelo Jornal Nacional ou mesmo Jornal da Record, uma informação dada pelo melhor amigo (a) e alguma familiar, tem algo em comum. A maioria dessas informações não são questionadas, investigadas ou mesmo postas em dúvidas, esse é o papel da filosofia.
Segundo o Filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. Filosofia é a desbanalização do banal, o que Paulo quer mostrar com sua conceituação é que as pessoas perderam ou estão acostumadas demais com as coisas comuns, cotidianas e óbvias sem ao menos desenvolver uma postura crítica.

A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do senso comum e, portanto, começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber; por isso, o patrono da Filosofia, o grego Sócrates, afirmava que a primeira e fundamental verdade filosófica é dizer: “Sei que nada sei”. Para o discípulo de Sócrates, o filósofo grego Platão, a Filosofia começa com a admiração; já o discípulo de Platão, o filósofo Aristóteles, acreditava que a Filosofia começa com o espanto. (CHAUÍ, 2000)

Por isso muitas pessoas odeiam, não gostam e acham muito chata filosofia, mas talvez essas pessoas “ainda” continuam imersas no desconhecimento de seu mundo, de sua sociedade, de sua religião, de seu próprio habitat. Não devia acontecer dessa maneira, mas a informação precisa necessita de um pouco de filosofia para se concretizar numa forma mais plausível de se obter respostas para os questionamentos do dia-a-dia.
Para ser filósofo ou mesmo desenvolver a atitude filosófica é necessário cursar alguma graduação? De maneira alguma. Muitas pessoas pensam que pensar filosoficamente ou exercer uma efetiva prática filosófica é uma tarefa difícil. Pensar de maneira racional, prudente, premeditada, deliberada depende, exclusivamente, da vontade própria das pessoas. Não é tão difícil assim. Difícil é não tentar. Para desvelar os fenômenos naturais e humanos, obviamente, basta a realização de exercícios como, por exemplo, ler com freqüência, assistir pouca TV, debater fatos e acontecimentos com mais freqüência, ouvir vários pontos de vistas de um mesmo tema ou assunto, ouvir músicas degustativas e não depreciativas, acessar sites da web que os conteúdos sejam confiáveis. Além disso, aperfeiçoar a capacidade de atenção e concentração, sem isto, não será possível almejar conhecer as coisas.

Por definição, filosofia é o conhecimento do absoluto, ainda que se tenha a consciência de que o absoluto é inexaurível e todo nosso conhecimento dele, incompleto. Mas a filosofia possui outro caráter especial: ela é saber crítico. Dissemos que a filosofia não possui objeto específico. Devemos dizer ainda mais: ela refuta todos os objetos, põe em crise toda certeza preestabelecida, não aceita nenhum dado diante de si. Todo filósofo, exatamente por isso, sempre recomeça do princípio. (MORRA, 2001)

Para a filosofia: nada é absoluto, concreto, imutável, inquestionável, incompreendido, indiscutível, desmedido. O objeto da filosofia é incomensurável, tudo que há no mundo pode ser medido, questionado e investigado, esse é o papel crucial e fundamental da filosofia.



2 comentários:

  1. Filosofar é utilizar de seus conceitos para conhecer e evoluir em qualquer seguimento.Muito bom o artigo Francisco!

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  2. Obrigado Erivaldo. Só lamento que a maioria das pessoas que "se encontram" com a filosofia não despertam para sua relevância para a humanidade, talvez estas pessoas estão acostumadas em demasia com a nossa realidade.

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